sexta-feira, 24 de agosto de 2012

IGREJA EMERGENTE


IGREJA EMERGENTE O termo Igreja emergente surgiu no final do século XX, mas difundiu-se no início do século XXI. Trata-se de uma nova terminologia usada para referir-se a Igreja Pós-moderna, cuja teologia apresenta uma nova abordagem bíblica, que surgiu da insatisfação dos cristãos com a vida espiritual que estavam desenvolvendo, bem como pela frustração com a estrutura e tradição da igreja. Um dos maiores propagadores dessa nova teologia é o americano Dan Kimball que publicou o livro The Emerging Church: Vintage Christianity for New Generations. Essas mudanças na comunidade cristã nasceram no século passado, mas estão sendo impostas como decorrência da pós-modernidade, visto que a relativização dos valores e dos dogmas é um princípio basilar pós-moderno. Assim, a relativização da verdade decorrente de sua desvalorização também foi fator decisivo que propiciou o surgimento dessas comunidades cristãs independentes, denominadas Igrejas Emergentes. MacArthur (2008, p.09) define Igreja Emergente com muita propriedade como: Esse é o nome popular de uma associação informal de comunidades cristãs, de alcance mundial, que deseja restaurar a igreja, alterar o modo de os cristãos interagirem com a sua cultura e remodelar a maneira de pensarmos a respeito da própria verdade. Da própria definição de Igreja Emergente infere-se que um de seus postulados fundamentais tem por finalidade a relativização do conceito de verdade, visto que ele pode ser remodelado, admitindo-se, assim, a verdade como algo que se sujeita a adaptações. Consonante com essa definição de MacArthur, que a igreja emergente ou igreja pós-moderna surge da necessidade dos cristãos alterarem o modelo da igreja vigente para adequá-la as necessidades da pós-modernidade, Daniel (2007, p. 30) conceitua igreja emergente como: Igreja Emergente ou Igreja Pós-moderna, como também é chamada, é um movimento nascido no meio evangélico e que procura atrair cristãos influenciados pela pós-modernidade, principalmente aqueles cristãos sem igreja ou que se definem como desiludidos ou insatisfeitos com suas igrejas ou com todas as igrejas. Gente que se diz cansada ou frustrada com a organização e a tradição de suas denominações (o que chamam invariavelmente de “legalismo”, termo que também tem outros sentidos para os emergentes) e com o “sistema” e “jeito de ser” do meio evangélico. Portanto, essa necessidade de redefinir as crenças cristãs surge da insatisfação de alguns cristãos com o cristianismo vigente, buscando, assim, novos significados para as verdades bíblicas fora do legalismo e da ortodoxia inflexível. Essa perspectiva de abordar a verdade bíblica como adaptável e ambígua permeia cada vez mais as igrejas evangélicas da atualidade, já que não é mais tão importante se algo é verdade ou não, mas se as pessoas aprovam ou não esse algo, que deve ser bem mais atraente, principalmente, para os jovens, que não conseguem suportar a verdade bíblica, pois esta vai de encontro aos seus estilos de vida permeados de permissividade. Essas teologias pós-modernas, que servem de fundamento para as Igrejas Emergentes, surgem a partir da ética pós-moderna que tem como fundamento a busca pelo prazer e satisfação pessoal, levando os cristãos a flexibilizarem sua fé na busca por essas falsas necessidades e desvirtuando, assim, o conceito bíblico da verdade. Assim, as pessoas são induzidas a acreditarem que para serem felizes precisam satisfazer as demandas da pós-modernidade. No presente trabalho faz-se necessário abordar, como veremos a seguir, algumas destas doutrinas, as mais significativas na atualidade, dessa nova categoria de igreja que surge, cujo fundamento contraria a doutrina bíblica, quais sejam: Teísmo Aberto ou Teologia Relacional, Confissão Positiva ou Movimento da Fé e Auto-ajuda. 3.1 Teísmo Aberto ou Teologia Relacional O teólogo canadense Clark Pinnock é o nome mais expressivo do movimento teológico denominado também de teologia da abertura de Deus ou teologia relacional, que tem também como teólogos renomados Gregory Boyd e John Sanders, que difundem essa visão. Embora esses defensores do teísmo aberto descrevam esse movimento como contemporâneo, faz-se necessário ressaltar que suas idéias tem como fundamento os movimentos intelectuais do passado, mas precisamente na antiguidade. Frame (2006, p. 25) afirma o seguinte sobre o assunto: O próprio Sanders admite que um dos elementos característicos cruciais (o elemento crucial, na minha visão) do teísmo aberto é antigo: o livre-arbitrio indeterminista. Ele observa que esse conceito pode ser encontrado em Filo e em muitos antigos pais da Igreja. Ele encontra o indeterminismo, obviamente, nos escritos de Jacob Arminius (m.1609), o oponente do calvinismo. Evidentemente, o indeterminismo não é uma ideia tão nova assim. Portanto, o teísmo aberto ou teologia relacional não é uma idéia tão nova quanto seus divulgadores tentam disseminar que é, nada mais é do que uma nova abordagem da natureza e dos atributos de Deus, que tem se difundindo contemporaneamente. Assim, o Teísmo Aberto ou Teologia Relacional, na verdade, surgiu do debate entre arminianos, que professam a liberdade e responsabilidade humana por suas escolhas, e calvinistas, que acreditam em Deus como Criador soberano e onisciente. Veja o que Emmons (2006, p. 5) expõe a esse respeito: Há centenas de anos as pessoas lutam com dois ensinos da Bíblia aparentemente incompatíveis entre si: a determinação global e onisciente [por parte de Deus] de tudo o que acontece em Sua criação (denominada “providência” ou “presciência”) e a liberdade e responsabilidade humanas de escolher seu próprio caminho (chamada de “livre-arbítrio”). Essa antinomia bíblica apresenta a soberania divina e a responsabilidade humana numa situação de convivência mútua. Entretanto, o raciocínio humano procura solucionar a situação com a exclusão de uma delas. Dessa forma, os teólogos do Teísmo Aberto, na ânsia de encontrarem um meio-termo aceitável entre as idéias arminianas e calvinistas, acabaram por difundir idéias muito liberais decorrentes da Teologia Liberal. Convém ainda salientar que, o Teísmo Aberto ou Teologia Relacional não pode ser considerado como algo novo também, porque suas origens remontam a Teologia do Processo, esta, por sua vez, considerada uma seita que teve sua origem no século 19 e desenvolveu-se a partir do criticismo racionalista baseado no ensino de Socínio. Veja o que assegura Merkle (2006, p. 59) sobre o assunto: Ao contrário da forma pela qual costumam falar, os defensores da teologia relacional de Deus não estão necessariamente explorando um novo e excitante território. (...) A doutrina relacional de Deus é meramente uma reedição de uma das mais detestáveis partes da teologia do século 16, com Socínio. Ou, mais recentemente, a teologia relacional de Deus é uma versão rebatizada daquilo que tem sido formado na Universidade de Chicago há pelo menos cinquenta anos sob a liderança da teologia do processo.(...) Assim, pode-se constatar que o Teísmo Aberto ou Teologia Relacional tem a origem de seu pensamento na teologia do processo, cujo mentor foi o matemático e filósofo Alfred Whitehead (1861-1947) e suas idéias nada mais eram do que um reavivamento das idéias de Socínio. Já que foi abordado o termo Teologia Relacional, faz-se necessário fazer uma pequena observação sobre a origem do termo, visto que, embora, Ricardo Gondim atribua a si e ao engenheiro Stanlei Belan a criação do termo Teologia Relacional, outro nome dado ao Teísmo Aberto, que também é denominado por alguns teólogos como Teísmo Relacional, nada se encontra na literatura sobre o assunto que atribua a ambos a autoria do termo. O Teísmo Aberto ou Teologia Relacional como o nome já define é a expressão de um pensamento humano sobre Deus, e como todo pensamento teológico, esse é baseado em uma particular interpretação do modo como Deus se relaciona com a sua criação. A partir dessa interpretação particular de Deus, o Teísmo Aberto ou Teologia Relacional argumenta que a visão clássica de Deus o retrata como dominador, quando na verdade Ele não é, visto que Ele não é conhecedor de tudo, mas apenas daquilo que é possível saber, pois Ele não é conhecedor das ações futuras das pessoas livres. De acordo com o exposto, Armstrong (2006, p. 10) assevera que: Os argumentos do teísmo relacional geralmente estão arraigados na noção de que a visão clássica de Deus o apresenta como um déspota ou como um soberano dominador. Eles insistem que Deus tem conhecimento, mas não todo o conhecimento. Ele não conhece os atos futuros de seres livres, caso contrário esses atos não poderiam ser praticados por criaturas verdadeiramente livres. Já que Deus não sabe o que acontecerá na sua vida amanhã, Ele não é uma divindade isolada e distante, mas um Deus envolvido e pessoal. O deus do teísmo relacional está pronto para entrar em novas experiências e tornar-se profundamente envolvido em nos ajudar, à medida que nós, juntamente com ele, encaramos os eventos que nós não sabíamos que aconteceriam.(...) Depreende-se do exposto acima que o Teísmo Aberto ou Teologia Relacional relativiza a onisciência de Deus ao afirmar que Deus só tem conhecimento de todas as coisas que podem ser conhecidas, portanto, Deus não tem conhecimento do futuro, visto que este é imprevisível para Ele por ser decorrente da vontade de seres livres. Os estudiosos sobre o Teísmo Aberto ou Teologia Relacional ou Teísmo Relacional são unânimes em afirmar que esse movimento teológico tem cinco pilares que fundamentam suas afirmações e crenças, quais sejam: o maior atributo de Deus é o amor; Deus não é tão soberano assim; Deus não conhece o futuro; Deus se arrisca e Deus comete erros, aprende e muda. Diante do exposto, faz-se necessário um maior detalhamento a seguir desses fundamentos imprescindíveis ao entendimento do Teísmo Aberto. Um dos fundamentos do Teísmo Aberto é considerar o amor como maior atributo de Deus. Os teólogos que defendem esse movimento centralizam um único atributo de Deus, que no caso é o amor, e tentam compreender Deus a partir dele. Observe o que Daniel (2007, p. 162) explana sobre o assunto: Na Teologia Relacional ou Teísmo Aberto, este atributo divino é normalmente enfatizado em detrimento a todos os demais atributos de Deus. Todos os atributos divinos, mesmo sua imutabilidade, sua onisciência e sua onipotência, são diminuídos e reinterpretados para favorecer o atributo do amor. Ao procederem desta maneira, os teólogos desse movimento adotam a mesma perspectiva defendida por Ritschl em que há uma releitura dos demais atributos de Deus de modo a minimizá-los favorecendo assim a exaltação do atributo do amor como o mais relevante. Esse modo de pensar opõe-se a teologia clássica que considera todos os atributos de Deus essenciais para entender a sua essência. Outro ponto fundamental para os teístas abertos é a relativização da soberania de Deus ao afirmarem que Deus não é tão soberano assim, ou seja, eles consideram que há soberania em Deus, mas esta não é absoluta. Piper (2006, p. 310) assevera o seguinte sobre o exposto: A maioria dos proponentes do teísmo aberto, senão todos eles, tende a “limitar” a soberania de Deus em algum sentido. Devo comentar brevemente que não estou usando a palavra “limitar” em sentido negativo ou pejorativo. Em vez disso, ela está sendo usada no sentido de que Deus livremente escolhe limitar a si mesmo em virtude do fato de que ele optou criar certo tipo de mundo, ou seja, um mundo que contém seres humanos com liberdade libertária. Nesse sentido, então, “limitar” não se refere a uma fraqueza ou imperfeição de Deus; em vez disso, se refere a uma limitação auto-imposta que é parte de seu plano, e não uma violação dele. Assim, os doutrinadores do Teísmo Relacional acreditam que a limitação da soberania de Deus também é uma manifestação de sua vontade soberana que limitou a si mesmo como parte de seu plano criador, portanto essa limitação não possui conotação negativa, visto que para cumprimento do seu desejo Deus auto limitou-se, ou seja, Ele mesmo soberanamente resolveu limitar-se. O Teísmo Aberto tem como um de seus pressupostos fundamentais a afirmação de que Deus desconhece o futuro, abandonando assim a posição clássica que defende a onisciência de Deus. Frame (2006, p. 74) expõe o seguinte sobre o tema: Por esse ponto de vista, o futuro é de tal natureza que não pode ser conhecido exaustivamente. Assim, os teístas relacionais alegam que, de seu ponto de vista, Deus é onisciente no sentido de que ele conhece tudo o que pode ser conhecido. O fato de que ele carece conhecimento exaustivo sobre o futuro não é propriamente uma limitação, mas uma inabilidade de fazer um círculo quadrado. Assim como sua onipotência o capacita a fazer tudo o que pode ser feito, sua onisciência o capacita a conhecer tudo o que pode ser conhecido. Isso inclui o conhecimento do passado e do presente, mas não do futuro, de forma que os teístas relacionais chamam sua posição de presentismo. Nessa perspectiva, pode-se perceber que há uma negação que Deus conhece o futuro e, por conseguinte, uma relativização de um dos atributos mais importantes de Deus que é a onisciência. Portanto, de acordo com os teólogos que defendem esse movimento, Deus conhece o que é possível conhecer como passado e presente, mas não pode conhecer o futuro, pois Deus não poderia conhecer o que ainda não existe. Outro pilar fundamental do Teísmo Aberto é a proposição Deus se arrisca, visto que os teólogos desse movimento acreditam que Deus ao criar os homens e os anjos e dar-lhes o livre-arbítrio colocou-se em situação de risco ao não ter em suas mãos o controle das ações de suas criaturas. Frame (2006, p. 81) expõe que: Outra objeção dos teólogos do teísmo aberto à doutrina da preordenação exaustiva divina é que Deus, na Bíblia, nem sempre consegue tudo o que quer. Às vezes, as criaturas “frustam” a vontade de Deus. Portanto, Deus precisa se arriscar. Nicole mostra que, para os defensores do teísmo aberto, esses riscos são realmente grandes. Para eles, a frustração de Deus não é ocasional, mas frequente. Ele assumiu um risco muito grande ao criar anjos livres e, junto com muitos anjos caídos, Satanás desertou, criando o “enorme problema do mal”. Deus esperava que Adão e Eva permanecessem justos, mas eles não o fizeram. Num determinado momento, o mal se tornou tão desenfreado a pondo de Deus se arrepender de ter feito a humanidade, tendo, então, provocado uma “quase completa aniquilação da humanidade”. Deus se arriscou, salvando Noé e sua família, mas isso também não deu certo. Essas apostas se mostraram tão ruins que somente a morte do seu próprio Filho poderia salvar a situação. Porém, mesmo isso se tornou insuficiente, visto que muitas pessoas se recusam a crer e têm sofrido consequências devastadoras. Assim, de acordo com essa perspectiva dos teístas relacionais, Deus se arrisca, pois Ele nem sempre consegue que as coisas saiam exatamente como Ele quer, portanto, disso decorre também que Ele se frustra, pois seus planos para darem certo necessitam que as suas criaturas façam exatamente o que Ele espera, o que nem sempre acontece, visto que Ele legou-lhes o livre-arbítrio, assumindo assim o risco de ter os seus desígnios frustrados. De acordo com o Teísmo Aberto, Deus comete erros, aprende e muda. Essa capacidade de Deus de cometer erros, aprender e mudar seria, na perspectiva dos teístas relacionais, decorrente do fato de Deus desconhecer o futuro, pois como o futuro é desconhecido vai proporcionar a Deus a oportunidade de aprender com as situações. Wilson (2006, p. 25) assevera o seguinte sobre o exposto: No teísmo relacional, o futuro é imprevisível, e vem a existência como resultado de uma cooperação de esforços entre Deus e o homem, em cujo processo Deus aprende muitas lições profundas. Ele é surpreendido a cada dia, e aprende com aquilo que nós fazemos. Em resumo, ele não é o Deus de Isaías. Percebe-se que essa capacidade de Deus mudar é decorrente do fato do futuro ser totalmente imprevisível, ou seja, desconhecido para Deus, portanto Ele é surpreendido com as situações e, por isso, vai reagir de diferentes maneiras de acordo com os fatos que a realidade vai lhe apresentando. Veja o que Piper (2006, p. 113) também afirma sobre o assunto: O teísmo aberto é o teísmo do livre-arbítrio levado a seu extremo lógico no aspecto de que argumenta que, à medida que Deus nos deu o livre-arbítrio libertário, nem mesmo ele pode saber quais escolhas faremos; desse modo, a porção do futuro que será determinada pelas escolhas livres humanas ainda não feitas está “aberta” e é desconhecida tanto para ele quanto para nós. Além do que essa concepção do teístas relacionais nada mais é do que uma abertura no que diz respeito a presciência de Deus, pois relativiza também esse atributo de Deus ao afirmar que Deus não é conhecedor do futuro que decorre das escolha humanas, visto que este ainda não é conhecido nem mesmo daqueles que vão fazer tal escolha. Veja o que Daniel (2007, p. 165) afirma sobre o tema: Segundo o teísmo aberto, como Deus desconhece o futuro, Ele aprende com as realidades à medida que elas vão acontecendo. O Deus da Teologia Relacional é vulnerável, comete erros, aprende com eles e muda de posição. Deus muda seus planos constantemente. Por isso, os adeptos desse pensamento ensinam que é errado afirmar que quando a Bíblia fala que Deus “arrependeu-se” está usando um antropomorfismo. Para eles, Deus arrependeu-se mesmo. Ele mudou de ideia. Deus é mutável. Ele é totalmente passível de influências do ser humano. Assim, os teístas relacionais acreditam realmente que Deus muda de ideia de acordo com a forma que as circunstâncias se apresentam, sendo, portanto, passível de arrepender-se de suas atitudes e mudar de postura diante dos fatos. 3.2 Confissão Positiva ou Movimento da Fé O movimento da Confissão Positiva é a versão cristianizada do pensamento positivo que professa que o ato de confessar positivamente o que se crê faz com que o desejo confessado aconteça, levando, assim, os cristãos a substituírem a fé em Deus pela fé em si mesmo. É conhecido popularmente como teologia da prosperidade, evangelho da saúde e da prosperidade, palavra da fé ou ainda Movimento da Fé. Esse movimento teve seu início em meados do século XIX, nos Estados Unidos, a partir de uma antiga heresia conhecida como gnosticismo, que ensinava que havia uma verdade mais elevada acessível somente aos iluminados por Deus. A Confissão Positiva foi fundada por Essek William Kenyon, que foi influenciado por Mary Baker Eddy, fundadora da Ciência Cristã, que enfatizava saúde e prosperidade, bem como utilizava a técnica do poder do pensamento positivo. Kenyon, por sua vez, teve suas ideias utilizadas por Kenneth Erwin Hagin, que foi acusado de plagiá-lo, no entanto Hagin tornou-se um dos maiores divulgadores dessa corrente doutrinária com a publicação de inúmeros livros sobre o assunto. Hagin criou o Centro de Treinamento Bíblico Rhema, que hoje é um dos maiores e mais influentes ministérios do mundo. O Movimento da Fé encontrou acolhida de seus ensinamentos em inúmeros ministérios brasileiros, tais como: Igreja Verbo da Vida, Comunidade Rema do Morro Grande, Igreja Internacional da Graça de Deus, Ministério Cristo Salva, Igreja Evangélica Cristo Vive, Igreja Universal do Reino de Deus, Ministério Palavra da Fé (Igreja Nacional do Senhor Jesus Cristo), dentre outras. Um dos pressupostos fundamentais da Confissão Positiva é que o cristão deve ser próspero e livre de qualquer enfermidade, pois, segundo eles, se isto não acontecer é porque o cristão não tem fé ou está vivendo em pecado. Romeiro (2007, p. 19) sobre o assunto expõe: Essa corrente doutrinária ensina que qualquer sofrimento do cristão indica falta de fé. Assim, a marca do cristão cheio de fé e bem-sucedido é a plena saúde física, emocional e espiritual, além da prosperidade material. Pobreza e doença são resultados visíveis do fracasso do cristão que vive em pecado ou possui fé insuficiente. Nessa perspectiva, o cristão não pode em hipótese alguma vivenciar derrotas ou fracasso, quer no aspecto financeiro ou de sua saúde, pois os pregadores desse movimento afirmam que a prosperidade financeira, assim como a saúde, são os indicativos da fidelidade do cristão a Deus, bem como da manifestação da sua fé. Hagin afirma ter recebido uma revelação do próprio Jesus que lhe ensinou a “fórmula da fé” para obter tudo que desejar. Renovato (2007, p. 180) afirma sobre o exposto: É o terceiro ponto da teologia da prosperidade. Ela está incluída na “fórmula da fé”, que Haggin diz ter recebido diretamente de Jesus, que lhe apareceu e mandou escrever de 1 a 4, a “fórmula”. Se alguém deseja receber algo de Jesus, dizia ele, basta segui-la: 1. “Diga a coisa”. “Positiva ou negativamente, tudo depende do indivíduo. De acordo com o que o indivíduo quiser, ele receberá.” Essa é a essência da confissão positiva.(...) 2. “Faça a coisa”. “Seus atos derrotam-lhe ou lhe dão vitória. De acordo com sua ação, você será impedido ou receberá.” Para o confesso triunfalista, ele pode fazer tudo o que quiser, de acordo com sua fé. Nada o impedirá. 3. “Receba a coisa”. “Compete-nos a conexão com o dínamo do céu. A fé é o pino da tomada. Basta conectá-lo. Podemos perceber o ar de auto-suficiência que essa doutrina passa para as pessoas. Basta querer, ter fé, e tudo receberá! 4. “Conte a coisa”. “A fim de que outros também possam crer. É o testemunho das bênçãos recebidas. (...) Assim, os propagadores desse movimento afirmam que não se faz necessário submeter os pedidos à vontade de Deus, visto que é a confissão que gera as coisas, ou seja, as coisas só passarão a existir se forem declaradas com fé. Desse modo, os adeptos dessa doutrina não submetem seus pedidos à vontade de Deus, pois acreditam que se assim o fizerem não estarão utilizando a fé, já que, segundo esses doutrinadores, utilizar a expressão “se for a tua vontade” destrói a fé, portanto o homem dever trazer a existência o que deseja através da declaração de sua boca, visto que a fé manifesta-se através da confissão. Os teólogos da prosperidade para justificarem seus ensinamentos afirmam que receberam autoridade espiritual de Deus para serem seus porta-vozes nos dias atuais. Eles professam que o homem é uma encarnação de Deus e que as pessoas não tem um deus dentro de si, mas que cada um é um Deus. Veja o que expõe Renovato (2007, p. 180) sobre o assunto: Veja o que disseram alguns desses “mestres da fé”: “Você é tanto uma encarnação de Deus quanto Jesus Cristo o foi...”(Hagin, Word of Faith, 1980, p. 14). “Você não tem um deus dentro de você. Você é um Deus”(Kenneth Copeland, fita cassete The Force of Love, BBC-56). “Eis quem somos: somos Cristo!” (Hagin, Zoe: A Própria Vida de Deus, p. 57). “Eu sou um pequeno Messias”. (...) Assim, os doutrinadores da Confissão Positiva acreditam serem a própria encarnação de Deus, portanto seus desejos são os desejos do próprio Deus, pois, de acordo com sua visão, seria incoerente submeterem a sua vontade, que é a do próprio Deus, à Deus, visto que eles se consideram o próprio Cristo. 3.3 Evangelho da Auto-ajuda As igrejas evangélicas da atualidade na busca de responder os anseios do ser humano moderno, que tenta satisfazer as exigências da contemporaneidade, pregam um evangelho permeado dos princípios da auto-ajuda. Norman Vincent Peale, que fundiu a teologia com a psicologia e criou a psicologia cristã, é considerado o pioneiro na pregação desse evangelho denominado de Evangelho da Auto-ajuda. Esse ensinamento, devido suas idéias humanistas, encontrou inúmeros divulgadores como: Robert Schüller, Charles Swindoll, Charles Stanley, Josh McDowell, Anthony Hoekema, Norman Geisler, James Dobson, Rick Warren, Joel Osteen, dentre outros. A Revista Veja, na edição 1964, veiculou como manchete da capa a matéria intitulada O Pastor é Show!, fazendo alusão justamente a essa nova tendência dos pastores da atualidade pregarem um Evangelho de Auto-ajuda embasado na psicologia. Sobre o assunto, a Veja ressalta o seguinte: A nova geração de líderes evangélicos achou um caminho muito mais certeiro e útil de chegar ao coração dos fiéis: o da auto-ajuda. A promessa é a mesma que ofereciam pentecostais e neopentecostais da geração passada: o da felicidade e prosperidade aqui e agora. Só que, para alcançá-las, os novos pastores sugerem outras ferramentas: além da fé, o bom senso; somado à intervenção divina, o esforço individual. Assim, os líderes evangélicos já não abordam a essência do evangelho como faziam os primeiros apóstolos, sua pregação hoje tem como foco o homem, bem como a racionalização do uso de seu potencial em prol de conseguir sucesso em todas as áreas de sua vida. A Auto-ajuda surgiu como forma de responder a necessidade humana de superar suas limitações a fim de adequar-se as exigências de uma sociedade em que o consumismo e a aquisição de bens expressam quem as pessoas são ou o modo como elas gostariam de serem vistas. Veja o que expõe Bessa (2008, p. 24): O discurso que sustenta o mercado responde à indústria da cultura, que defende o consumismo e a aquisição de bens como resposta à sensação de inadequação. Nessa cultura, as mercadorias são mais que objetos, elas sinalizam quem as pessoas são ou, ao menos, como gostariam de serem vistas. Ou, como menciona Rudiger: [...] parece-nos correta a hipótese de que as tendências de auto-ajuda surgidas nos últimos anos na verdade são, genericamente, uma forma de conciliar os valores hedonistas, promovidos pela indústria da cultura com as demandas profissionais do sistema empresarial. Com ele concorda Mário Maestri, doutor em história, para quem a literatura de auto-ajuda é empobrecedora, por defender soluções mágicas, pautada por uma ótica capitalista, que privilegia a irracionalidade. Esse tipo de evangelho, pregado com base na auto-ajuda, endossa a satisfação da vontade humana, propagando, assim, os valores hedonistas, em que a busca do prazer individual e imediato é a única finalidade da vida. Os teólogos dessa corrente doutrinária levam os homens a recuperarem sua auto-confiança a partir da crença na identidade humana de filho de Deus e que, por isso, o homem tem direito de receber todos os benefícios provenientes de seu Pai, que, nessa perspectiva, seria uma vida plena de sucesso e felicidade. O Evangelho da Auto-ajuda faz uso da Bíblia para pregações unicamente motivacionais, ou seja, são utilizados textos bíblicos com a finalidade de motivar o cristão a mudar sua realidade e conquistar o sucesso almejado. Daniel (2007, p. 187) expõe sobre o assunto: Os evangelistas da auto-ajuda não pregam a inteireza da mensagem bíblica. Apenas apresentam as Escrituras como um aglomerado de histórias inspirativas e frases de auto-ajuda. “Todo o conselho de Deus” (At 20.27) não é apresentado, mas apenas aquelas passagens cujo conteúdo pode ser usado como material motivacional, para extrair lições que venham ajudar as pessoas a superar conflitos pessoais corriqueiros, que oriente as pessoas sobre pequenas questões do dia-a-dia. Assim, são selecionados e ganham relevância apenas alguns textos bíblicos, em detrimento de outros, que tenham lições que possam auxiliar as pessoas a superarem conflitos pessoais e orientá-las a enfrentarem as mais diversificadas situações que se apresentem. Procedendo dessa forma, seus pregadores evitam falar de doutrinas bíblicas impopulares atualmente. O evangelho da auto-ajuda, como o próprio nome já denuncia, seria aquele em que o homem se auto-ajuda, ou seja, ele ajuda a si mesmo, portanto tem como fundamento a centralização do ego humano, pois este, por sua vez, significa a pessoa em si mesma, visto que a centralização se dá em torno do próprio homem. MacMahon (2007, p. 13) explanou sobre o assunto: Para que possamos entender melhor quais eram as preocupações de Paulo, é necessário que iniciemos pela definição do termo “ego”. Significa simplesmente a pessoa em si mesma. Que dizer eu – e tudo o que compreende o meu ser. Nesse caso, ser um amante de mim mesmo significa que eu me amo em primeiro lugar e acima de tudo. O ego domina, por completo, o meu coração, a minha mente, a minha vontade e a minha consciência.(...) Desse modo, percebe-se que o ego passou a ser o centro da vida humana, pois a humanidade passou a ser o referencial de todas as coisas, portanto o homem tenta resolver seus problemas por conta própria, ou seja, no ser humano encontra-se o potencial necessário para a solução de todos os problemas. Essa corrente doutrinária fundamenta suas crenças nas teorias evolucionista e humanista, que acreditam que a humanidade passa a ter como referencial a si mesma, excluindo, assim, Deus do centro da vida do homem. MacMahon (2007, p. 13) afirma o seguinte: Ao excluir-se Deus do cenário da vida, resta-nos apenas o “ego” ( ou melhor, o deus “Ego”), de modo que a humanidade passa a ser o referencial de todas as coisas.(...) Essa crença evolucionista e humanista postula que no íntimo do ser humano encontra-se o potencial completo e necessário para que surjam as soluções de tais problemas. The Humanista Manifesto I [O Manifesto Humanista I] declara: “O homem finalmente está cônscio de que somente ele é responsável pela concretização do mundo de seus sonhos, de que possui dentro de si mesmo o poder para tal façanha”.(...) Assim, de acordo com essa perspectiva, o homem passa a crer que as curas dos males da humanidade encontram-se dentro do próprio homem, excluindo dessa maneira Deus da centralidade, ou seja, há uma independência do homem de Deus, portanto a esperança de um mundo melhor só depende exclusivamente do homem, que possui o potencial para resolver todos os problemas.

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