terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

LIVRE ARBÍTRIO HUMANO VERDADE OU MITO?


Ao criar o homem, Deus concedeu-lhe vontade própria na liberdade de escolha, um atributo fundamental para torná-lo um ser responsável tanto humanamente como espiritualmente por todas as suas decisões. Junto à vontade própria na liberdade de escolha, Ele associou também a inteligência e os sentimentos, qualidades essenciais que o distingue dos demais seres da sua criação. Há uma analogia entre Deus e o homem que tem como propriedade comprovada três atributos fundamentais; inteligência, sentimento e vontade própria. Sabemos que Deus possui muitos atributos, e estes três, inteligência sentimento e vontade própria também são atributos pertencentes a Deus, embora sejam exercitados por Ele numa dimensão infinitamente superior a que foi permitido aos homens exercê-los.“Façamos o homem a nossa imagem conforme a nossa semelhança” de Gênesis 1: 26ª, deixa claro a desigualdade quanto ao uso desses atributos; quando eles são exercidos por Deus se tornam infinitamente imutáveis, porém quando exercidos pelo homem, essa condição de infinitude não existe devido a sua limitação e é por isso que se comprova existir no homem somente uma imagem e uma semelhança de Deus. O grande erro do ser humano ao exercer a sua vontade própria, ou seja, o direito de escolha é fazer isso baseado numa presunção de total suficiência, como se ele pudesse desempenhá-lo independente dos propósitos para os quais Deus o criou. E o mais surpreendente ainda está no fato do mesmo ainda formular doutrina sobre o assunto, numa tentativa de provar aquilo que ele supõe ser uma certeza. A vontade própria na liberdade de escolha é uma responsabilidade humana de decidir entre duas opções e outro terrível engano do ser humano é pressupor que vontade própria na liberdade de escolha é um sinônimo de livre arbítrio. Por causa disso criou-se uma antinomia bíblica, onde se coloca a soberania divina, e a responsabilidade humana numa condição de convivência mútua e os homens buscam resolvê-la eliminando um dos dois conceitos. Essa discussão é muito antiga, mas não se pode precisar o quanto, porém acentuou-se ferrenha por volta do século XVI d.C., tendo como protagonistas Calvino (1509-1564) d.C. e Armínio (1560-1609) d.C. Esse trabalho não se propõe a defender esse ou aquele conceito e muito menos apresentar soluções, mas unicamente tentar expor o que está explícito na Palavra de Deus sobre este assunto. Logo após a criação, Deus apresentou ao homem duas situações que exigiria dele o exercício de sua própria vontade; a liberdade de escolher dominar sobre grande parte do que Ele criara e a liberdade de escolher obedecer-lhe; comendo ou não comendo de um fruto específico. “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam sobre a terra”. Gênesis 1: 26. “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para cultivar e guardar. E lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comereis; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. Gênesis 2: l5-17. Podemos perceber que nada do que Deus propôs ao homem colocou alguma forma de restrição ou cerceamento da liberdade de escolha, no entanto também convém ressaltar que; qualquer que fosse a obra resultante dessa escolha inevitavelmente passaria pelo seu juízo. “Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, que sejam boas ou más”. Eclesiastes 12: 14. Esse é o propósito maior da criação de Deus; criar um ser responsável que o glorifique através de suas atitudes nas escolhas perante Ele. Como ficou explícito, a vontade própria na liberdade de escolher é um atributo que embora inseparável da natureza humana, esta natureza nunca sub-existiu por se mesma, e tudo que foi criado no homem provém de Deus. Quase que não se percebe, mas existe uma grande distinção ou mesmo uma incongruência entre as duas afirmações; vontade própria na liberdade de escolha e livre arbítrio. A vontade própria na liberdade de escolha foi colocada na natureza humana como uma concessão e visando um propósito pré-estabelecido por Deus, a responsabilidade humana. O livre arbítrio não é um direito recebido por concessão ou propósito, e não está sujeito à oposição servil, é um atributo inato a um ser, pois não provém de outrem pelo contrário está contido nele, porque somente Ele possui integralmente a condição de exercê-lo. Um atributo assim de igualdade com o criador não foi o que Deus concedeu ao homem; somente “a imagem, e a semelhança” jamais a igualdade. Segundo o dicionário “Novo Aurélio século XXI” de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira a palavra “livre” significa: Quem tem o poder de decidir e de agir por si mesmo, que não tem limites, imenso, infinito. A palavra “arbítrio” significa: Resolução que depende só da vontade. Tentando fazer a junção que o dicionário “Aurélio” faz, concluímos que livre arbítrio é: “Aquele que tem o poder de decidir infinitamente tomando resolução que depende só da vontade”. Convém ressaltar que esse poder infinito é inato somente ao ser de Deus. Já o “Dicionário escolar da Língua Portuguesa” cujos direitos autorais pertencem a FAE, um órgão do Ministério de Educação e Cultura que tem como autor Francisco da Silveira Bueno faz a junção livre arbítrio e o resultado é o seguinte: “A faculdade de determinação livre da vontade humana”. Significa dizer que o livre arbítrio não tem nada a ver com a vontade humana; por conclusão infere-se que: Jamais o homem possuiu, possui ou possuirá livre arbítrio, o que lhe foi concedido na sua criação e que ele exerce livremente foi a vontade própria na liberdade de escolha como uma condição de torná-lo um ser responsável pelos seus atos. Depois de todo este contexto colocado aqui, alguns teólogos certamente ainda irão contestar partindo do seguinte pressuposto; um agente só é responsável por qualquer ato se tiver à condição de praticar o ato, porém esta não é a condição que determina se um ser tem ou não o livre arbítrio. Esse agente foi condicionado na sua criação para exercer a sua vontade própria na liberdade de escolha, portanto tem todo o direito de escolher, porem não tem o direito de arbitrar nem sobre a sua escolha nem sobre a escolha de ninguém num sentido infinito. Livre arbítrio é o poder de infinita autonomia que o agente que decide possui sobre tudo e sobre todos e que, portanto não está sujeito a sofrer ingerência nem consequência sobre qualquer decisão tomada pela sua vontade absoluta. Fundamentando o conceito bíblico de Livre arbítrio, expomos três exemplos dentre inúmeros contidos na Bíblia Sagrada sobre os quais contextualizamos este trabalho. O Primeiro exemplo é de Esaú que sempre exerceu a vontade própria na liberdade de escolha, ignorando a soberania de Deus. Tanto exerceu livremente a sua vontade que vendeu o seu direito de progenitura; uma benção dobrada vinda de Deus para o primogênito trocada por um prato de lentilhas. Por vontade própria casou com duas mulheres hetéias, coisa que não era permitido aos filhos das tribos de Israel e elas constituíram-se amargura de espírito para Isaque e rebeca. Tornou-se o pai dos Edomitas, pior espécie de povo e que tentou destruir Israel a qualquer custo. Fez tudo o que a sua própria vontade na liberdade de escolha imaginou, porém como diz o autor da carta aos Hebreus; “Pois sabeis também que, posteriormente, querendo herdar a benção, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora, com lágrimas o tivesse buscado”. Hebreus 12: 17. Quem nesse contexto verdadeiramente exerceu o livre arbítrio; Esaú ou Deus. O Segundo exemplo é o de Jonas que em algum momento da vida quis ignorar a soberania de Deus ao fazer valer a sua vontade própria na liberdade de escolha quando resolveu ignorar o chamado de Deus ausentando-se da sua presença. O resultado foi descer degrau por degrau até a sepultura como ele mesmo afirmou no capitulo 2 versículo 6. Ele narra quatro estágios de descida; primeiro desceu ou porão, depois desceu ao mar, após desceu a terra do fundo do mar e por último ao que ele chamou de sepultura; o ventre de um peixe. Ele na sua angustia, no desfalecimento da alma, buscou a Deus na sua oração e foi ouvido; pois o Senhor providenciou que o grande peixe que o havia engolido vomitasse Jonas na areia da praia. A auto-suficiência foi o erro de Jonas, mas felizmente ele reconheceu o seu erro. “Veio a palavra do Senhor a segunda vez a Jonas, dizendo: Dispõe-te, vai à grande cidade de Nínive, e proclama contra ela a mensagem que eu te digo. Levantou-se, pois, Jonas, e foi a Nínive, segundo a palavra do Senhor”. Jonas 3: 1-3. Quem nesse contexto verdadeiramente exerceu o livre arbítrio; Jonas ou Deus. O Terceiro exemplo é o de Paulo que buscou exercer a sua vontade própria na liberdade de escolha sempre respeitando a soberania de Deus. Mesmo quando tomou decisões equivocadas que foram contra a soberania de Deus, ele o fez pensando estar zelando pela justiça que há na lei. Porém, depois da revelação da justiça de Deus que é Jesus Cristo ele reconheceu o erro por ele cometido, o mesmo erro que estava sendo cometido pelos seus compatriotas. “Porque lhes dou testemunho de que eles tem zelo de Deus, porém sem entendimento”. Romanos 10: 2. Paulo nunca se sentiu forçado ao tomar suas decisões, só que ele por vontade própria na liberdade de escolha buscou fazer isso sob a cobertura da soberania divina. Mesmo quando ele fez a seguinte afirmação: “Se anuncio o evangelho, não tenho que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação, porque ai de mim se não pregar o evangelho”. 1Coríntios 9: 16. Ao fazer esta confissão Paulo não quer afirmar que está sendo obrigado por Deus a pregar o evangelho, mas que por causa do grande amor que Cristo demonstrou ao dar sua vida por todos, ele está sim sendo constrangido (obrigado) a pregar o evangelho pela vontade da sua própria consciência. “Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isso: um morreu por todos, logo todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para se mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”. 2Coríntios 6: 14 e 15. Quem nesse contexto verdadeiramente exerceu o livre arbítrio; Paulo ou Jesus Cristo. “Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam”. Salmos 24: 1. Nós temos um criador e não somos produto do acaso, da evolução das espécies ou de qualquer Big Bem. Que Deus nos abençoe nas escolhas e que elas sejam feitas pela nossa vontade própria na liberdade de escolha, mas para a glória de Deus e sempre exaltando a sua soberania. Amém.

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