quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A INSACIÁVEL ÂNSIA PELO PODER


A sedução pelo poder é algo indiscutível em todos os ambientes que envolvem os seres humanos. Existem muitas definições de poder quase sempre associadas ao homem quanto ao seu relacionamento sócio econômico, porém nada referente ao poder como sendo algo inerente ao senso moral da decadente natureza humana. A partir da queda, independente da genética, inevitavelmente agregou-se a natureza humana uma desenfreada e insaciável ânsia pelo poder. Ao procurar acumular bens materiais e domínio sobre seus iguais o homem ultrapassou o limiar da insanidade mental pela prática de um narcisismo sem limites e nesse contexto surgiu o primeiro homicídio; Caim matou seu irmão Abel. Através de métodos investigativos, o psicanalista pesquisador J. Lacan, descobriu que quando o homem ascende ao poder ele muda de personalidade invertendo as suas aspirações e os seus propósitos aflorando em contrapartida a sua estupidez. Em geral a própria psicologia assevera que os poderosos sofrem uma transformação de caráter assumindo uma nova identidade pessoal. Essa tendência da natureza humana não se constitui algo novo, que não tenha sido vivenciado por todos os nossos antepassados desde a primeira e desastrosa atitude de desobediência cometida pelo primeiro casal humano que habitou o nosso planeta. O que causa estranheza é que esse distúrbio de personalidade acontece até na conduta dos homens que se consideram restaurados espiritualmente da sua antiga natureza transgressiva, pois era de se esperar que os mesmos se tornassem verdadeiros exemplos de humildade e santidade já que eles são influenciadores tanto da opinião quanto da conduta de seus seguidores. O Poder, o prestígio, o status e as riquezas são os principais objetivos de muitos dos ministérios religiosos dos nossos dias. Toda essa busca desenfreada para conseguir alcançar esses valores aqui da terra deveras é muito frustrante para os tais, porque ninguém sabe o que nos reserva o dia de amanhã. Como disse o sábio rei Salomão: “Engrandeci-me e sobrepujei a todos que vieram antes de mim em Jerusalém; perseverou também comigo a minha sabedoria. Tudo quanto desejaram os meus olhos não lhes neguei, nem privei o meu coração de alegria alguma, pois eu me alegrava com todas as minhas fadigas, e isso era a recompensa de todas elas. Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol”. Eclesiastes 2: 9 – 11. Nem mesmo com muitos exemplos desastrosos os seres humanos renunciam essa ganância. Será que essa fadiga de correr atrás do material é realmente o que o Senhor Jesus Cristo nos concedeu como benções? “Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeaste; aos seus amados o Senhor dá enquanto dorme. Salmos 127: 2. Será que o apóstolo Paulo se equivocou quando disse: “Bendito o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de benção “espirituais” nas regiões celestiais em Cristo” Efésios 1: 3. Qual será realmente o propósito dessa inconseqüente busca pelo poder? Não seria suficiente usarem o poder do Espírito Santo condignamente sem usurpá-lo em beneficio próprio com a intenção de acumularem tesouros na terra? E como o Senhor Jesus Cristo profetizou em Mateus 7: 21 – 23. “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino do céu, mas aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi explicitamente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais iniqüidade”. Usar o poder que há no nome de Jesus Cristo, com propósitos no coração diferentes daqueles que Ele revelou através do Evangelho do Reino de Deus é praticar usurpação dos dons do Espírito e isso é considerado por Deus como iniqüidade. A Bíblia Sagrada contém muitos exemplos mostrando que geralmente os olhos despertam nos seres humanos a concupiscência da carne pelo desejo de possuir. Foi assim no ministério de Jesus Cristo quando Judas lamentou a perda daquele valioso vidro de alabastro quebrado para ungir os pés do Mestre. Também aconteceu no ministério dos apóstolos quando Simão o mágico presenciou os milagres e propôs a Pedro comprar o Poder do Espírito Santo, algo muito valioso que não pertencia nem a ele Pedro nem a nenhum discípulo mais unicamente ao Espírito de Deus. Isso sem falar nos falsos apóstolos de 2Coríntios 11: 13. E ainda os falsos profetas e os falsos mestres de 2Pedro 2: 1 – 3. O reino de Deus é Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça”, (a nossa justiça só é alcançada através da justificação de Deus) “paz” (a paz só alcançamos com a vida eterna que só Jesus pode dar) “e alegria no Espírito Santo”. (a alegria interior é um estado de espírito que reflete a poderosa ação do Espírito Santo dentro de nós). Quando cremos em Jesus Cristo nós alcançamos o reino de Deus e ele passa a fazer parte do nosso interior como afirmou Lucas capítulo 17 versículo 21. O apóstolo Paulo assegura que quando nós cremos em Jesus Cristo, nos tornamos templo do Espírito Santo que passa a fazer morada dentro do nosso corpo; 1Coríntios 3: 16. Um cristão fiel a Deus e cheio de fé em Jesus Cristo não precisa andar procurando o poder do Espírito, pois o poder do Espírito Santo já está dentro dele. Um cristão fiel a Deus e cheio de fé em Jesus Cristo não precisa de prestígio, pois o maior prestígio que o ser humano pode alcançar é ter o Senhor Jesus como o seu único Senhor e salvador. Um cristão fiel a Deus e cheio de fé em Jesus Cristo não precisa de status, pois não existe maior status do que ser chamado de filho Do Deus Altíssimo. Por último; Um cristão fiel a Deus e cheio de fé em Jesus Cristo não precisa de riqueza que se coroe com a ferrugem e sim de “riquezas eternas onde nem a traça nem a ferrugem pode alcançar”. O mais difícil em toda essa situação é fazer muitos cegos enxergarem o caminho já que estão sendo guiados por outros cegos como disse o Senhor Jesus: “Deixai-os: são cegos, guias de cegos. Ora se um cego guiar outro cego, cairão ambos no buraco”. Mateus 15: 14. Quando o propósito é verdadeiro e você foi realmente chamado por Deus para ser um servo do Senhor Jesus Cristo você reconhece que é usado pelo poder do Espírito Santo e não usa desta vestidura de poder temporária como se procedesse de si mesmo. Reconhecer o que não lhe pertence é uma virtude de ser honesto consigo mesmo e com Deus. Aqui está alguns exemplos de um homem que talvez tenha sido o mais usado pelo Espírito Santo de Deus em todo o Novo Testamento, mas sempre fazia questão de afirmar que ele não possuía nenhum mérito ou poder, pois estava simplesmente sendo usado por Deus. “Porque não ousarei discorrer sobre coisa alguma senão daquelas que Cristo fez por meu intermédio para conduzir os gentios á obediência, por palavra e obras, por força de sinais e prodígios, pelo poder do Espírito Santo”; Romanos l5: 18 e 19a. “Ora, aquele que é poderoso para fazer infinitamente mais de tudo quanto pedimos, ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós”, Efésios 3: 20. “Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, porque te vanglorias, como se o não tivesse recebido? 1Coríntios 4; 7. Nada é nosso tudo o que os verdadeiros cristãos receberam veio de Deus. “Uma vez falou Deus, duas vezes ouvi isto: Que o poder pertence a Deus”. Salmos 62: 11. ALELUIA GLÓRIA A DEUS.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

CHAMADO


Todos nós conhecemos como se desenvolve a vida na carne. O princípio de tudo é o nascimento, logo em seguida inicia-se a alimentação que por um longo período de tempo é composta de líquidos até que a condição física se desenvolva e possibilite ingerir comidas sólidas. Durante este período também acontecem os primeiros ensinamentos a aprendizagem por repetição, isto é; tudo que vemos ou ouvimos nos procuramos repetir e por isso é que nessa etapa nós nos tornamos simplesmente imitadores humanos. Depois da primeira fase, acontecem as etapas do crescimento físico e através delas o amadurecendo do intelecto mental que é causado pelo acumulo de conhecimento o qual resulta em implicações as quais nós chamamos de responsabilidade moral. De acordo com o maior interesse na busca pelo conhecimento, mais alto se torna o grau de capacitação intelectual, porém tanta sabedoria não é garantia de sucesso, pois necessitaremos uns dos outros principalmente de quem nos abra alguma porta. A terceira fase é a morte, esta é a mais importante de todas as fases da vida por ser uma fase inevitável e todos passarão por ela. Algumas pessoas estão sujeitas a não atingirem todas as fases, outros até mesmo não concluir nenhuma das duas primeiras e isto se deve à terceira fase a morte da carne. Todos nascemos em carne, mas por vivermos na carne não somos obrigados a viver satisfazendo a vontade da carne, isto nós chamamos de vontade própria na liberdade de escolha. Apesar de possuirmos vontade própria na liberdade de escolha, todos nós indistintamente contamos com a graça de Deus que nos conduz a Cristo para que Ele nos liberte das concupiscências da carne; “o pecado”. Todos aqueles que vivem na carne pelo exercício da sua própria vontade fazendo tudo o que é reprovável diante de Deus e mesmo ao serem chamados para aceitar o Senhor Jesus Cristo como seu Senhor, e Salvador, recusarem o convite de Deus, esses desprezaram tanto o Pai como o Filho. Para eles finda a esperança de desfrutar uma nova vida com Jesus após a morte da carne segundo a promessa de Deus. “Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo”. 2Co. 5: 10. Ávida na carne é como um fio muito tênue que pode partisse em qualquer ponto a qualquer momento. Mesmo que você tenha vivido muito bem todas as fases da vida, ainda que tenham aparecido muitas mãos para abrir-lhe muitas portas e mesmo depois de tudo isso você tiver vivido as fases da vida na carne só para fazer a vontade da carne, pergunto: Quando chegar a terceira fase, a da morte, o que você acumulou de valor nas duas primeiras fases que possa lhe socorrer nesta terceira fase? Diz a Palavra de Deus em 1 João capítulo 2 versículo 16 e l7: “Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo, e o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre”. A finalidade dessa exposição é tentar fazer um paralelo entre o que nós chamamos de vida na carne pela carne; isto é vida mundana que todas as pessoas conhecem e um outro tipo de vida, chamada de vida espiritual que lhes é oferecida pela fé em nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Uma vida com mais qualidade, com maior duração, porque o espírito não morre; mas é imperativo que iniciemos esta vida espiritual estando ainda com a vida corporal para que após a morte corporal essa vida espiritual já existente continue eternamente. À vida espiritual todos nós só alcançaremos através do Filho de Deus, pois foi Jesus Cristo quem disse: “Em verdade, em verdade te digo: Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus”. João 3: 5. Nós sabemos que o corpo é carne e a carne é mortal por causa da sua inclinação ao pecado. “a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do espírito é vida e paz”, Rm. 8: 6 eternamente. Existem pessoas que vivem na carne e suas vidas resume-se em fazer a vontade da carne; também existem outras pessoas que são chamadas por Deus para seguirem seu Filho Jesus Cristo, e então são libertas, são transformadas em todo o seu modo de vida. Embora estejam na carne já não são dominadas pela carne e assim não vivem mais pela vontade da carne porque são guiadas pelo Espírito de Deus. “Porque se viverdes segundo a carne, morrereis; mais se pelo espírito mortificardes as obras da carne vivereis. Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus”. Rm. 8: l3-l4. Por que nascer espiritualmente? Porque pela desobediência de Adão o pecado se estabeleceu no mundo e todos nós pecamos e por isso sofremos as consequências do nosso pecado. “Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus”. Rm . 3: 23. Mesmo com o advento da Lei nós continuamos desobedecendo a Deus. Por isso todos nós nascemos corporalmente vivos, isto é: vivos na carne, mas estando afastados de Deus nós nascemos espiritualmente mortos. Um homem chamado Nicodemus perguntou a Jesus: “Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode porventura voltar ao ventre materno e nascer segunda vez”. “Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo: Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus”. “Quem é nascido da carne é carne, quem é nascido do Espírito é espírito”. Jo. 3: 4-6. Fazendo um paralelo entre as duas vidas encontramos semelhanças comprováveis, mas diferenças incontestáveis. A vida espiritual a semelhança da vida na carne precisa de um nascimento, porém a diferença é que, por se tratar de um nascimento do espírito que não depende do sangue, nem da carne e nem do homem, mas somente de Deus, essa nova vida quando nasce não está sujeita as concupiscências da carne.”Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”. Jo. 1: 13. Por um determinado tempo igualmente como a carne alimenta-se de leite, o alimento do espírito recém nascido também deve ser leve; alimenta-se o espírito com os primeiros rudimentos da Palavra de Deus significando o alimento liquido, e só após um amadurecimento espiritual é que se ministra os profundos ensinamentos teológicos que significa um alimento mais sólido. Paulo falando aos Coríntios disse: “Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim, como a carnais, como a crianças em Cristo. Leite vos dei a beber; não vos dei alimento sólido porque ainda não podeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais”. 1Co. 3: 1-2. Como a vida na carne, a segunda fase da vida espiritual é a fase da repetição; o crescimento e os primeiros aprendizados da vida espiritual são assimilados por imitação. Nós começamos a repetir aquilo que vemos ou ouvimos durante os cultos de adoração a Deus e nos tornamos imitadores daqueles que já imitam a doutrina de Cristo. “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo”. 1Co. 11: 1. O fundamento de um maior crescimento espiritual está na proporção da busca pelo conhecimento da Palavra de Deus. Mas igualmente a vida na carne todo esse conhecimento ou toda essa sabedoria também na vida espiritual, não teria nenhum proveito se não tivesse alguém para abrir a porta do entendimento espiritual. “O entendimento para aqueles que o possuem é fonte de vida”. Pv. 16: 22. No caso da vida na carne pode ser muitas pessoas a abrirem portas. Nesse mundo sem vida e sem Deus de que isso nos serviria? “De que serviria o dinheiro na mão do insensato para comprar sabedoria, visto que não tem entendimento”. Pv. 17: 16. Todo aquele que vivendo corporalmente, refreia os instintos carnais para desfrutar de uma vida espiritual, foi porque Deus através de Jesus Cristo abriu a porta do entendimento espiritual e se todos eles continuarem fiéis até o último dia da vida corporal Ele ainda promete conceder que essa vida espiritual seja desfrutada ao seu lado eternamente. A terceira fase da vida espiritual continua sendo vida espiritual, só que vida espiritual eterna, não a morte espiritual, pois o espírito é eterno. Aqueles que levam uma vida na carne banqueteando-se com todas as iniqüidades que a carne oferece, e desprezam o chamado de Deus ao arrependimento, rejeitam a oportunidade de uma vida espiritual com Jesus e receberão a recompensa com fogo pelas suas iniqüidades inclusive pela rejeição. “quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chamas de fogo, tomando vingança contra os que não conheceram a Deus e contra os que não obedeceram o Evangelho de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Estes sofrerão penalidades de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder;” 2Tessalonicenses 1: 7ª - 9. Mas, aos que viveram uma vida espiritual embora estando na carne, não se deixando levar pelas concupiscências da carne, mas se deixando guiar pelo Espírito de Deus, estes herdam a promessa da vida eterna feita por Deus a todos os que crerem em seu Filho Jesus Cristo como o único Senhor e Salvador. “então dirá o Rei aos que estiverem a sua direita: Vinde benditos do meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”. Mateus 25: 34.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

“SENÃO EM FAVOR DA PRÓPRIA VERDADE”


O descompromisso com a verdade absoluta na intenção de inserir uma verdade relativista é o mal deste século e está disseminado em todos os seguimentos da sociedade inclusive no religioso. Uma afirmação falsa hoje, muitas vezes tem igual ou maior aceitação do que uma verdade irrefutável de épocas passadas. Tal tipo de procedimento no meio daqueles que se dizem cristãos, tenta obscurecer a pureza da teologia bíblica e a austeridade da ortodoxia cristã que tem como âncora da salvação os ensinamentos de Jesus Cristo. Considerada uma das maiores desconstruções do ensinamento bíblico é ousar submeter os atributos de Deus a uma escala de valores humanista que procura mostrar a intensidade de um atributo em detrimento aos demais. Um processo muito usado pelos teólogos quando elegem o amor como o maior atributo de Deus. Veja o que afirma Silas Daniel em seu livro: As seduções das novas teologias. “Todos os atributos divinos, mesmo sua imutabilidade, sua onisciência e sua onipotência são diminuídos e reinterpretados para favorecer o atributo do amor”. Esse modo de pensar opõe-se a teologia bíblica que considera todos os atributos de Deus essenciais para que se possa entender a sua essência. Ao considerar o amor como o maior atributo de Deus estão adotando as idéias de Ritschi. Sobre o assunto analise o que John Frame diz em seu livro: Não há outro Deus. “Os teólogos erram ao pensar que a centralidade do seu atributo favorito exclui a centralidade de outros atributos. Esses escritores estão (como muitas vezes acontece com os teólogos) certos no que afirmam, mas errados nas coisas que negam. Ritschi está certo ao dizer que o amor é a essência de Deus, mas errado ao dizer que santidade não é. Esse tipo de erro geralmente vem ligado a outros erros teológicos. Quando um teólogo centraliza o amor de Deus em contraste com outros atributos, a sua intenção contrariando as escrituras visa “intencionalmente” (do autor do trabalho) lançar dúvidas sobre a realidade ou a intensidade da ira e do juízo de Deus”. Esse ensinamento constitui-se uma heresia, visto que a própria definição de atributo é conclusiva ao afirmar que: “atributo é uma propriedade intrínseca ao seu sujeito pela qual ele pode ser distinguido ou identificado”. Na verdade, não há limitações no ser de Deus e nos seus atributos, porque Deus é perfeito. Sem corpo, portanto sem extensão espacial. Por outro lado, através de um outro processo tenta-se desacreditar o principal fundamento da fé cristã; a inerrância bíblica. Quando alguém faz uma afirmação particular sobre salvação e condenação sem apoiar sua fala nos alicerces dos conceitos divinos, está se constituindo juiz no lugar de Deus. É comum se ouvir de muitos pseudo cristãos declarações unilaterais como: “Esse homem era um santo de Deus e já está no céu”. “Essa mulher morreu com Cristo e foi para o céu”. “Esse homem era uma pessoa tão boa e certamente já foi para o céu”. Isso fora alguns outros que afirmam já estarem no céu mesmo ainda vivendo neste mundo. Ninguém tenta ponderar a existência da dualidade na criação divina; se existe sim existe não; se existe o bem existe o mal; se existe salvação existe condenação, se existe vida existe morte; se existe céu existe inferno, e assim por diante. O homem faz escolhas o tempo todo. A nossa vida ressume-se em escolhas o tempo inteiro. Tudo aqui no mundo depende das escolhas do próprio homem e essas suas escolhas estão subordinadas as escolhas de Deus, por isso resulta sempre numa consequência dualista: boa ou má. Ao exercer juízo, o ser humano julga o que está aparente, mas Deus julga também o que está interiormente. “Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas e com Ele mora a luz”. Daniel 2: 22. O apóstolo Paulo nunca usou das Escrituras para pregar conceitos unilaterais colocando dúvidas aos ouvintes sobre as decisões que Deus tomaria em decorrência das atitudes humanas. Mesmo falando sobre si mesmo ele não julgou haver alcançado a sua salvação. “Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo a escravidão, para que pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado’. 1Co. 9: 27. Paulo não se considerava salvo. “Todavia, a mim muito pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por algum juízo humano; nem eu tampouco a mim mesmo me julgo. Porque em nada me sinto culpado; mas, nem por isso me considero justificado, pois quem me julga é o Senhor. Portanto nada julgueis antes do tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações, e então cada um receberá de Deus o louvor”. 1Co. 4: 3-5. Paulo está afirmando que todos sem exceção só serão julgados na segunda vinda do Senhor Jesus Cristo quando da ressurreição dos mortos. Como é possível afirmar salvas ou que estão no céu pessoas que nunca confessaram o Senhor Jesus Cristo como seu único Senhor e Salvador. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu único Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. João 3; 16. Em vez disso devotaram suas adorações à natureza, aos animais e aos mortos que ainda não foram ressuscitados para que no juízo do Filho de Deus, até esses mortos sejam julgados como salvos. “Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo. E lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do homem”. João 6: 26 e 27. Como pode alguém dizer que estão salvas ou que irão para o céu pessoas que confessaram o Senhor Jesus Cristo como seu único Senhor e Salvador e não o amam. “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai e Eu também o amarei e me manifestarei a ele”. João 14: 21. Como pode alguém dizer que estão salvas ou que irão para o céu pessoas que querem usufruir os privilégios de filhos, mas as suas atitudes são de bastardos. “Porque me chamas: Senhor, Senhor, e não fazes o que Eu mando?” Lucas 6; 46. Que ninguém se engane, não se entra no céu pela confissão da boca, pela vontade da mente ou pelo desejo da alma, mas quando o coração for de Jesus Cristo. “Esse povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim”. Mateus 15: 8. Por fim, não adianta você amar todas as pessoas distribuindo-lhes todos os seus bens e chegar ao ápice de morrer queimado por elas; (como afirmou Paulo aos Coríntios 13: 3) se o primeiro amor não for para Jesus Cristo, significa que você não tem amor a ninguém e tudo o que foi feito de nada terá proveito.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A NECESSIDADE É DE ÉTICA OU DE AMOR?


Em certas situações somos induzidos a tomar decisões, mas seria prudente primeiro calcular antes o peso dessas interferências. Mas, também muitas vezes omitimo-nos de manifestar a nossa opinião pessoal e concluímos que cumprimos a nossa missão em não assumir responsabilidades sobre o que acontece com as outras pessoas. A omissão é o tipo de atitude que se caracteriza em definir pessoas de comportamento dúbio. Sócrates censurou a democracia ateniense, enquanto Jesus recriminava duramente à moral judaica. Alguns dizem que liderança é motivar pessoas; outros que liderança é mover e organizar um grupo, mas ser líder é; chefiar um grupo através de comandos para que alcance algum objetivo. Uma liderança é firmada em três conceitos básicos; no prestígio pessoal do líder, em alguma forma de dominação e na aceitação pelo grupo das tarefas impostas. Muitos pastores confundem o termo liderar, que tem como fundamentos principais; prestígio, dominação e imposição com o termo guiar que é estabelecido através do amor, do ensino e da compreensão. Um guia espiritual, (o pastor) antes de tudo deve ser vocacionado por Deus para servir, para manifestar ser portador dos frutos do espírito sobressaindo principalmente o amor a Deus, e as pessoas e assumir a verdadeira função de um pastor de ovelhas que é alimentar, saciar e apascentar o rebanho do Senhor. O apóstolo Paulo afirma em 1Tm. 3: 1 que: “Fiel é a Palavra: Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja”. Episcopado é o encargo do bispo atual pastor, que significa pastorear. “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a Igreja de Deus, a qual Ele comprou com o seu próprio sangue”. “Atendei” do verbo atender, entre os inúmeros significados do dicionário “Aurélio,” quer dizer; prestar auxilio a, acolher, receber com atenção ou cortesia, escutar atentamente etc. Existe uma equivalência com a palavra “cuidar” que no versículo 28 de Atos capítulo 20, Paulo exprimiu como “pastorear”. Quando da convocação de Pedro para cuidar das ovelhas do Senhor, Jesus Cristo expressou com uma pergunta o significado mais profundo da palavra “pastorear”.”Simão, filho de João, tu me amas”? Após a resposta de Pedro afirmou: “Pastoreia as minhas ovelhas”. João 21: 16. O principal ensinamento transmitido por Jesus, não só a Pedro, como aos demais pastores e também a todos nós, está no fato d’Ele ter feito a mesma pergunta por três vezes, coincidentemente o mesmo número de vezes que Pedro negou conhecê-lo. Negar a Jesus não se restringe somente dizer que não o conhece. Quando alguém almejou e ingressou no episcopado supõe-se que isso foi feito por amor a Ele. Então, lembremo-nos: “Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça. Então lhes disse: Atentai no que ouvis. Com a medida com que tiverdes medido vos medirão também, e ainda se vos acrescentará. Pois o que tem se lhe dará; e, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado”. Marcos 4: 23 – 25. “Então lhes responderá: Em verdade vos digo que sempre que o deixaste de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer. E irão estes para o castigo eterno, porém os justos para a vida eterna”. Mateus 25: 45 e 46. Façamos uma introspecção aos nossos pensamentos, e aos nossos sentimentos questionado-nos. Quantas vezes o Senhor Jesus nos perguntaria se o amamos; uma, duas, três ou muito mais vezes?

terça-feira, 18 de setembro de 2012

A REVELAÇÃO DE JESUS CRISTO VIVIFICA


“Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que não se vêem, porque as que se vêem são temporais, e as que não se vêem são eternas”. 2Coríntios 4: 18. Nós estamos sempre preocupados com coisas momentâneas que estão sujeitas a desaparecer. Tudo no mundo natural está destinado a mudanças, nada na terra é permanente; o que hoje se ver amanhã já não é o mesmo. “O que é já foi, e o que há de ser, também já foi; Deus fará renovar-se o que passou”. Eclesiastes 3: 15. Já no mundo eterno tudo será o mesmo eternamente, porque nada deixará de ser a mesma coisa sempre, pois na eternidade tudo é atemporal, não existirá presente, passado ou futuro. “Sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe pode acrescentar, e nada lhe tirar; e isto faz Deus para que os homens temam diante dele”. Eclesiastes 3: 14. Tudo o conhecimento que se tem do mundo natural vem através de alguma experiência pela qual alguns de nós já experimentamos. Veja, isso é assim, ou não toque naquilo porque suja, ou não use disso pode não é bom. Devemos atentar para as coisas temporais, mas não podemos deixar que elas ditem aos nossos sentidos o que devemos fazer. Tudo o que nós sabemos e que mantemos retidos na memória denomina-se conhecimento natural. Quando se trata das experiências originadas por Deus, nós temos que observar o seguinte: Que todo conhecimento de Deus só é possível através de uma revelação e isso só acontece quando nos sujeitamos os nossos sentidos a sua revelação. Jesus nunca deixou que todo o conhecimento natural que Ele tem interferisse nos seus sentidos. Somente às revelações advindas do Pai envolvem os sentidos de Jesus. Quando alguém lhe revela um fato do qual você não participou e que você não presenciou, você tem duas opções; pode acreditar ou desacreditar desse fato. Isso não significa que gerou fé em você, mas que você apenas concordou ou não com esse fato. Para nós que afirmamos crer em Deus não basta somente ler ou ouvir de alguém que teve uma experiência, temos que provar da nossa própria experiência com Cristo através da sua revelação. No evangelho de João capítulo 4 do versículo 6 ao versículo 42, ele relata a passagem de Jesus por Sicar, uma cidade samatitana vizinha a Siquem situadas entre os montes Gerizin e Ebal pertencentes a tribo de Manasses, portanto uma das dez tribos que formavam o reino do Norte na época denominado reino de Israel. Ao passar pelo poço de Jacó, Ele se encontrou com uma mulher que viera a fonte tirar água. Dialogando algum tempo com ela Jesus disse-lhe: “Vai, chama o teu marido e vem cá; ao que lhe respondeu a mulher: Não tenho marido. Replicou-lhe Jesus: Bem disseste, não tenho marido, porque cinco maridos já tiveste, e esse que agora tens não é teu marido; isso disseste com verdade”. João 4: 16-18. Prosseguindo a conversa por mais algum tempo, logo em seguida ela deixou o seu cântaro indo a cidade e falou a alguns homens: “Vinde comigo, e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Será este, porventura o Cristo?” João 4: 29. E diz a narrativa que eles saíram ao encontro de Jesus. O relato final conta que muitos deles acreditaram no testemunho da mulher porque lhes dissera: “Ele me disse tudo quanto tenho feito”. João 4: 39. Essa revelação que Jesus fez sobre a vida daquela mulher bastou para que alguns acreditassem na história que ela contou. Porém muitos outros quiseram sentir a mesma experiência que ela sentira e pediram a Jesus que ficasse por mais um pouco. E em João 4: 41, afirma que estes outros também creram porque puderam participar da mesma experiência; uma revelação do próprio Senhor Jesus Cristo através da Palavra. Todos nós precisamos de uma revelação de Jesus através da Palavra para que possamos também dizer a todos o que eles disseram para aquela mulher samaritana. “Já agora não é pelo que disseste que nós cremos; mas porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo”. João 4: 42. Aquela mulher samaritana recebeu não só uma explicação de Jesus, mas ela teve uma revelação vinda da sua própria sua boca. Jesus usou um acontecimento passado na vida daquela mulher; no caso os cinco maridos que ela já tivera para que lhe fossem abertos os olhos do entendimento sobre a necessidade que ela tinha de receber uma revelação que mudasse a sua vida. A experiência dela motivou alguns acreditarem no que ela narrava, porém muitos outros buscaram as suas próprias experiências com Cristo através da revelação da sua Palavra falada. É por isso que existe a necessidade de termos uma revelação, para que possamos sentir uma experiência real com Deus através da Palavra de Cristo. Não devemos fundamentar a nossa fé nas experiências dos outros, pois a fé só é fortalecida quando nós mesmos compartilhamos as nossas próprias experiências com Deus através da revelação de Jesus Cristo. Aqueles que foram a Jesus para experimentar suas próprias experiências estão seguros daquilo que obtiveram, pois deram o testemunho da sua fé. Os demais que atentaram somente na explicação da mulher samaritana verdadeiramente não creram, somente acreditaram nela. Ninguém pode vir a Cristo somente por explicação sem que tenha passado por uma experiência com Ele através da revelação. Se a Palavra de Deus não se revelar de nada adianta. Quando Jesus esteve aqui na terra nem todos quantos Ele falou foi agraciado com uma revelação, pois não buscavam por ela, mas os outros tantos quantos Deus concedeu todos esses receberam a sua revelação. “Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer, e Eu o ressuscitarei nos últimos dias”. João 6: 44.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O SALVO PODE DESVIAR-SE E FICAR PELO CAMINHO?

Esse trabalho não foi elaborado com a finalidade de confirmar nem contradizer qualquer conceito de alguém que tenha uma opinião formada sobre esse assunto, mesmo porque não se constrói doutrina sobre aquilo que não se possa comprovar. O ato da salvação em si não é algo visível aos olhos humanos e sim um segredo divino, somente Deus perscruta o profundo e o escondido de cada coração, portanto só Ele conhece antecipadamente os salvos que serão realmente salvos e os perdidos que com certeza serão perdidos, independente da avaliação
humana. Com toda a certeza uma coisa nós podemos provar através da revelação das Escrituras é que: Um homem que vive 99,99 por cento da sua vida longe de Deus e praticando toda a impiedade, pode sim ser salvo. “Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra Ele, dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também. Respondendo-lhe, porém, o outro repreendeu-o, dizendo: Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença? Nos na verdade com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez. E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino. Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso”. Lucas 23: 39-43. Podemos perceber que 0,1 por cento de vida foi o bastante para que aquele homem fosse salvo, embora saibamos que ele havia sido escolhido por Deus antes da fundação do mundo. Conforme o que foi exposto e não querendo contradizer aqueles que defendem a concepção de que “uma vez salvo sempre salvo”, a verdade é que não podemos afirmar a mesma coisa quantos aos perdidos de que uma vez perdido sempre perdido. Aos nossos olhos humanos este homem passou a vida toda entre os que nós consideramos perdidos. Então; por que o salvo que em toda a sua vida buscou sinceramente fazer a vontade de Deus, que com esforço procurou andar em justiça, e retidão se desviar da fé a recíproca tem que ser diferente? Na epístola do apóstolo Paulo a Timóteo, o mesmo apresenta ao seu filho na fé seis exemplos de como algumas pessoas que alcançaram a verdadeira fé em Cristo podem em algum instante da caminhada desviar-se dela. Em primeiro lugar Paulo diz que o propósito da epístola é advertir sobre três pontos fundamentais para que nos mantenhamos seguros da nossa fé. (1) O amor deve ser puro e ele só é puro quando procede de um coração puro. (2) Colaborando com o amor de um coração puro, o amor deve advir de uma boa consciência e uma boa consciência é uma consciência viva, aquela que nos adverte sempre do que é certo e do que é errado. (3) E o amor também deve proceder de uma fé sem hipocrisia e uma fé sem hipocrisia é uma fé onde não existe fingimento, uma fé leal e inabalável. Paulo afirma que o resultado daqueles que se desviaram dessas advertências “perderam-se”. 1 Tm. 1: 5 e 6. Em segundo lugar Paulo exorta a Timóteo que confirme através da boa luta, as profecias das quais ele foi o alvo anteriormente mantendo para isso duas coisas fundamentais: (1) Preservando sempre a verdadeira fé. (2) E mantendo a boa consciência. Vemos que o apóstolo Paulo voltou a reforçar a advertência sobre esses dois importantes fundamentos; fé e consciência. Em seguida Paulo assegura que alguns tendo rejeitado a ouvir a voz da boa consciência “naufragaram na fé”. 1 Tm. 1: 18 e 19. Em referência a afirmação do apóstolo Paulo quanto a aqueles que se perderam ao desviarem-se das suas advertências; alguns como de costume irão contestar com afirmações segundo as quais, os que se perderam seriam os que realmente não estavam incluídos entre os salvos. No primeiro exemplo isso não tem relevância, embora existe a máxima de que só se perde o que é verdadeiro e o que realmente existe. Mas o que dizer quando Paulo usa a metáfora de um navio. Como se contestar ou conceber alguém naufragar se não está realmente dentro do navio. Expliquem-me como naufragar na fé sem estar navegando dentro dela? Em terceiro lugar Paulo não faz nenhuma advertência, porém asseverava que naquele tempo algumas pessoas estavam obedecendo a espíritos enganadores e a ensinos de demôníos e o Espírito Santo afirmava expressamente que estas pessoas tinham apostatado da fé. “1 Tm. 4: 1”. Quanto a apostatar da fé não tem o que se comentar. Em quarto lugar Paulo faz advertências especiais a um grupo específico de pessoas, as mulheres viúvas mais novas. Quando ele diz quero que se casem, criem filhos, sejam boas donas de casa é uma recomendação pessoal dele para que as mesmas não dêem oportunidade ao adversário de difamá-las e complementa que: “com efeito, já algumas se desviaram, seguindo a Satanás”. 1 Tm. 5: 14 e 15. Quando elas se desviaram para seguir a Satanás, deixaram a primeira fé para seguir a um outro senhor, pois não se pode servir a dois senhores. Em quinto lugar Paulo faz uma advertência quanto à busca desenfreada pala riqueza e as suas consequências. Ele afirma que aqueles que se lançam nessa proeza estão sujeitos a caírem em tentações, ciladas, e muitas concupiscências pelas quais os homens se afogam na ruína e na perdição. Paulo considera o amor ao dinheiro como a raiz de todos os males e continua dizendo que alguns na cobiça ao dinheiro “desviaram-se da fé”. 1 Tm. 6: 9 e 10. A Bíblia aponta muitos exemplos de como não só o amor ao dinheiro, mas o amor a tudo o que ele pode adquirir tem desviado o homem do caminho da salvação. Mt. 19: 16 – 23. Em sexto lugar Paulo termina os seis exemplos com três advertências diretas a Timóteo e que servirão como segurança para a sua responsabilidade pessoal. (1) A recomendação para que Timóteo guarde tudo aquilo que lhe foi entregue em confiança por Paulo. (2) O pedido para que Timóteo evite os falatórios desnecessários e profanos. (3) E também para que Timóteo fuja do que falsamente se chamam as contradições do saber. Por fim Paulo novamente reafirma que alguns que professaram tais atitudes também desviaram-se da fé. Se o apóstolo Paulo tinha tanto zelo pelo seu filho na fé, certamente que tinha o dever de zelar pelo seu chamado. “Ninguém despreze tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes”. 1 Tm. 5: 12 e 16. Depois deste testemunho de Paulo sobre tantas pessoas que segundo ele se desviaram da verdadeira fé, não é mais necessário se fazer nenhum comentário sobre o assunto, porém eu quero deixar quatro versículos para reflexão de todos que lerem essa reflexão e só farei um ligeiro comentário sobre o último versículo. “Sereis odiados de todos por causa do meu nome; aquele, porém, que perseverar até ao fim; esse será salvo”. Mt. 10: 22. “Aquele que perseverar até o fim, esse será salvo”. Mt. 24: 13. “Não temas as cousas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisões alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e terei tribulação de dez dias. Ser fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida”. Ap. 2: 10. “O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum riscarei o seu nome do livro da vida, pelo contrario, confessarei o seu nome diante do meu Pai e diante dos seus anjos”. Ap. 3: 5. Quando Jesus afirmou que não riscaria do livro da vida o nome daqueles poucos que não contaminaram suas vestiduras, subentende-se que os que contaminaram ou foram riscados ou podem ser riscados. Não importa quando você foi salvo, mas você perseverar salvo até a morte. Amem.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

CAPA


FACULDADE JOÃO CALVINO – FAJOCA DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU E PESQUISA CAUBI FEITOSA SANTOS AS PRINCIPAIS DOUTRINAS QUE MINAM O ALICERCE DA IGREJA CRISTÃ PÓS-MODERNA Barreiras 2010

CONTRA CAPA


CAUBI FEITOSA SANTOS AS PRINCIPAIS DOUTRINAS QUE MINAM O ALICERCE DA IGREJA CRISTÃ PÓS MODERNA Monografia apresentada como exigência parcial para a obtenção do título de bacharel em Teologia no curso de convalidação do Seminário Teológico Pentecostal do Ceará através de convênio com a Faculdade João Calvino. Monografia aprovada em ____ / ____ / ____ Nota_______ Banca examinadora _____________________________________________________ Prof. Francisco Wellington da Costa Orientador de Conteúdo Bacharel em Teologia (ICRE) Licenciado em Ciências da Religião (ICRE) Licenciado em Filosofia (ITEP) Pós-graduado em Ciências da Religião (ICRE) Mestrando em Filosofia (UECE) ______________________________________________________ Profª. Mirizana Alves de Almeida Orientadora Metodológica Mestre em Ciências Fisiológicas (UECE) Doutoranda em Ciências Médicas (UFC)

AGRADECIMENTOS


AGRADECIMENTOS Ao único Deus soberano Senhor, a Jesus Cristo, seu Filho, Nosso Senhor e Salvador, e ao Espírito Santo por permitirem a realização desse trabalho. A Deus, o início de tudo, a quem devo a vida e a possibilidade de mais esta conquista; aos meus familiares que me possibilitaram ser com seu apóio; aos Professores do Seminário Pentecostal do Ceará, que contribuíram significativamente para o alcance desta vitória. A verdade não poderia ser verdade neste mundo, se não estivesse em luta, e logo suspeitaríamos da verdade, se o erro tivesse amizade com ela. A pureza imaculada da verdade sempre deve estar em guerra contra as trevas da heresia e da mentira. (C. H. SPURGEON, 1879)

RESUMO


RESUMO A pesquisa sobre as principais doutrinas que minam o alicerce da Igreja Cristã Pós-moderna é de fundamental relevância por apresentar os ensinos falaciosos que estão sendo introduzidos no evangelho que está sendo pregado nas igrejas cristãs da atualidade. O que se pretende com este trabalho, em sentido amplo, é expor a necessidade de retorno a pregação de um evangelho genuíno pautado nas verdades bíblicas. E, em sentido estrito, espera-se comprovar, diante da perspectiva bíblica, que as doutrinas que se insurgem hoje na Igreja Cristã Pós-moderna contrariam o ensinamento bíblico e, por conseguinte, arruínam os fundamentos da igreja cristã, assim como levam o cristão a apoiar-se em preceitos que não poderão firmá-lo na fé, por não se constituírem o firme fundamento da igreja de Cristo. Por fim, almeja-se estudar os preceitos disseminados por tais doutrinas, além de analisar seus aspectos não condizentes com o ensinamento bíblico. Cumpre, então, verificar a pertinência do tema abordado e expor as doutrinas mais difundidas na igreja cristã da atualidade, considerando a sua repercussão social e a necessidade de sua refutação, conforme o exige a doutrina bíblica. Palavras-chave: Igreja Emergente. Doutrina. Teísmo Aberto. Confissão Positiva. Auto-ajuda.

ABSTRACT


ABSTRACT The research on the major doctrines that undermine the foundation of the Christian Church Post-modern is of fundamental importance by giving misleading teachings that are being introduced in the gospel being preached in Christian churches of today. What is intended with this work in the broad sense, is to expose the need to return to preaching a gospel based on genuine biblical truths. And in the strict sense, are expected to demonstrate in front of the biblical view that the doctrines which complain today in the Post-modern Christian Church against the biblical teaching and therefore ruin the foundations of the Christian church, and lead the Christian to rely on principles that can not so strong in faith, for not being the firm foundation of the church of Christ. Finally, aims to study the precepts disseminated by such doctrines, and examine aspects not consistent with biblical teaching. It then verify the relevance of the topic addressed and explain the doctrines most widespread in the Christian church of today, considering its social impact and the need for their rebuttal, as the Bible calls the doctrine. Keywords: Emerging Church. Doctrine. Open theism. Positive Confession. Self-Help.

SUMÁRIO


SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................09 2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS.....................................................................................12 2.1 Em busca do conceito de doutrina..................................................................................12 2.2 Conceito de verdade........................................................................................................13 2.2.1 Verdade absoluta e verdade relativa............................................................................15 2.2.2 Verdade inerrante.........................................................................................................16 2.3 Os atributos de Deus.......................................................................................................17 3 IGREJA EMERGENTE.....................................................................................................22 3.1 Teísmo Aberto ou Teologia Relacional.........................................................................23 3.2 Confissão Positiva ou Movimento da Fé........................................................................28 3.3 Evangelho da Auto-ajuda................................................................................................30 4 COMO AS FALSAS DOUTRINAS MINAM A IGREJA CRISTÃ PÓS-MODERNA?.........................................................................................................................33 5 CONCLUSÃO...................................................................................................................52 REFERÊNCIAS................................................................................................................. 53

INTRODUÇÃO


INTRODUÇÃO O século XXI iniciou-se com a humanidade repleta de dúvidas profundas quando ao futuro, motivadas por fatos inusitados, tais como: os atentados terroristas, o terrível tsunami ocorrido na Ásia, bem como guerras declaradas ou iminentes. Em tal contexto histórico, a igreja cristã também não poderia deixar de sofrer influência não só desse período de incerteza, como também dos valores da Pós-modernidade. Hoje, vive-se numa época permeada de modismos em todos os âmbitos, inclusive dentro das igrejas cristãs. É nesse contexto que surge a Igreja Emergente. A Igreja Emergente ou Igreja Cristã Pós-moderna nasce no final do século XX e floresce no inicio deste século, ou seja, nasce num período em que ocorre uma crise não só mundial, mas também teológica e ética que assola a igreja cristã. No entanto, convém ressaltar que essa crise na igreja não ocorre a nível quantitativo, ou seja, número de evangélicos, visto que hoje são por volta de 35 milhões no Brasil, mas a nível qualitativo, pois há um distanciamento, e porque não dizer uma distorção, dos fundamentos doutrinários cristãos, tais como: interpretar livremente o texto bíblico sem se preocupar com a interpretação correta de acordo com a hermenêutica e com a ética cristã; a igreja cristã é muito mais influenciada do que influencia; multiplicação de novidades doutrinárias; uso da manipulação nas igrejas para mobilizar as massas na busca por mais adeptos, dentre outros. Diante dessas considerações, busca-se, pois, desenvolver pesquisa monográfica que responda aos seguintes questionamentos: O que é Igreja Emergente? Quais as principais doutrinas que penetraram na Igreja Cristã Pós-moderna? Quais fundamentos da Igreja Cristã Pós-moderna foram abalados com a intervenção dessas doutrinas? Por que essas doutrinas abalam os fundamentos da Igreja Cristã Pós-moderna? O assunto aqui tratado é de relevante interesse, por isso requer um estudo detalhado a fim de possibilitar maiores esclarecimentos sobre essas novas doutrinas que destroem os princípios da Igreja Cristã Pós-moderna, visando contribuir para um maior grau de consciência da sociedade como um todo quanto a estas doutrinas que entram sutilmente na Igreja Cristã Pós-moderna abalando o verdadeiro Evangelho pregado por Jesus Cristo. Tem-se, então, como objetivo geral, expor os fundamentos professados pelas principais doutrinas que abalam a Igreja Cristã Pós-moderna, quais sejam: Teísmo Aberto, Confissão Positiva e Evangelho da Auto-ajuda, observando os seus principais preceitos doutrinários. Como objetivos específicos têm-se: analisar quais as principais doutrinas que se infiltraram na Igreja Cristã Pós-moderna abalando os seus fundamentos; identificar em que estas doutrinas são contrárias aos preceitos bíblicos; tornar evidente que essas doutrinas minam o fundamento da Igreja Cristã Pós-moderna; questionar os ensinamentos doutrinários da Igreja Emergente e explicar porque estes pressupostos minam os fundamentos da Igreja Cristã Pós-moderna. Em relação aos aspectos metodológicos, as hipóteses são estudadas através de um estudo descritivo-analítico, desenvolvido através de pesquisa bibliográfica, mediante explicações embasadas nos teólogos Frame, MacArthur, Piper, Romeiro, dentre outros, que abordem direta ou indiretamente o tema em análise. No que diz respeito a utilização dos resultados, a tipologia da pesquisa é pura, à medida que tem como único fim a ampliação dos conhecimentos. No que tange à abordagem, é qualitativa, visto apreciar a realidade do tema dentro da perspectiva teológica. Quanto aos objetivos, a pesquisa é descritiva, posto que descreve, explica, esclarece o problema apresentado. Este trabalho foi desenvolvido em capítulos, no segundo capítulo, abordam-se conceitos fundamentais, considerados relevantes para o melhor entendimento do assunto abordado ao longo dos demais capítulos, tais como: doutrina, diferenciação entre dogma e doutrina, verdade, diferenciação entre verdade relativa e verdade absoluta, verdade inerrante e os atributos de Deus. No terceiro capítulo, busca-se apresentar três das principais doutrinas que têm destruído os fundamentos da Igreja Cristã Pós-moderna, quais sejam: Teísmo Aberto, Confissão Positiva e Evangelho da Auto-ajuda. No quarto capítulo, reflete-se a cerca da influência dessas doutrinas, que não estão de acordo com os pressupostos da Bíblia, na Igreja Cristã Pós-moderna, dando ênfase aos efeitos negativos decorrente dos preceitos que elas propagam, bem como comprovando com embasamento bíblico em que tais doutrinas são discordantes da doutrina professada por Cristo e, portanto, prejudicam de modo consubstancial os fundamentos da Igreja Cristã Pós-moderna. Enfim reflete-se com os autores pesquisados, sobre as perdas significativas que a Igreja Cristã Pós-moderna sofre em seus ensinamentos fundamentais com a influência dessas doutrinas, que se insurgem cada dia mais nas igrejas cristãs da atualidade.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS


CONCEITOS FUNDAMENTAIS Como este trabalho versa sobre as doutrinas que minam o alicerce da Igreja Cristã Pós-moderna, faz-se necessário uma abordagem mais detalhada sobre alguns conceitos e elementos que serão esclarecedores para um bom entendimento do presente trabalho, dentre eles: doutrina; verdade; diferenciação de verdade relativa e verdade absoluta; verdade inerrante; atributos de Deus. 2.1 Em busca do conceito de Doutrina De acordo com o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (1999, p. 707), o vocábulo doutrina é originário do latim doctrina e significa conjunto de princípios que servem de base a um sistema religioso, político, filosófico, científico, etc. No campo teológico, definir doutrina não se constitui tarefa nada fácil, visto que este conceito é muito confundido com o conceito de dogma, no entanto, ambos possuem definições distintas. Russel (1991, p. 228) define doutrina da seguinte forma: Essa palavra significa ensino. Vem do latim, doctrina, cuja forma verbal é docere, ensinar. O termo tem um sentido geral, podendo referir-se a qualquer tipo de ensino, como também pode indicar algum ensino específico, como a doutrina da salvação. Também pode envolver as idéias de crença, dogma, conceito ou princípio fundamental ou normativo por detrás de certos atos. Esse vocábulo traz imediatamente às nossas mentes idéias e ensinamentos religiosos, porque usualmente é assim que o ouvimos ser dito. Depreende-se do exposto que a doutrina, embora de forma ampla designe qualquer tipo de ensino, de modo mais específico constitui-se o embasamento teórico que ira fundamentar a existência de qualquer entidade, seja de natureza religiosa ou política ou filosófica ou científica, etc. Dogma, visto de forma ampla, é o termo utilizado para designar verdades indiscutíveis nas áreas da ciência, da filosofia, etc. Veja o que Olson (2001 , p. 17) expõe sobre o assunto: A palavra “dogma" se deriva do termo grego dokein, o qual, na expressão dokein moi significa não só “parece-me” ou “agrada-me”, mas também “determinei definidamente algo de modo que para mim é fato estabelecido”. “Dogma” chegou a designar uma firme resolução ou um decreto, especialmente de forma pública. Era termo aplicado a verdades indiscutíveis da ciência, a convicções filosóficas que são tidas como válidas, a decretos governamentais e a doutrinas religiosas oficialmente formuladas. Assim, observando-se de modo mais acurado, pode-se perceber que o dogma realmente é o conjunto de verdades indiscutíveis, assim como a doutrina, no entanto, diverge desta, pois, enquanto naquela suas verdades são resultantes da formulação de alguma instituição, quer de caráter religioso, filosófico, científico, etc; este não, nada mais é do que uma verdade que se estabelece por si mesma, sem que alguém precise determiná-la como verdade. Observe o que diz Olson (2001, p. 17) sobre o exposto: Embora a palavra “dogma” algumas vezes seja usada na religião e na teologia com sentido amplo, sendo praticamente sinônimo de “doutrina”, geralmente tem um sentido mais restrito. Doutrina é a expressão direta, às vezes ingênua, de uma verdade religiosa. Não é necessariamente formulada com precisão científica, e mesmo quando o é, pode ser meramente a formulação de uma só pessoa. Um dogma religioso, por sua vez, é uma verdade religiosa baseada sobre autoridade, oficialmente formulada por qualquer assembléia eclesiástica. Portanto, do exposto acima, depreende-se que a doutrina é a expressão direta de uma verdade que no presente trabalho, por ser de caráter teológico, seria religiosa; no entanto, de modo mais amplo, pode-se subtender que estas verdades podem ser também de caráter filosófico, científico, etc; enquanto o dogma são verdades estabelecidas por quem tenha autoridade para fazê-lo. 2.2 Conceito de Verdade O conceito de verdade pode ser abordado de acordo com diferentes perspectivas. Dentre algumas dessas inúmeras abordagens, convém ressaltar as definições expressas pelo dicionário, pela filosofia e pela bíblia. De acordo com o Novo Aurélio (1999, p. 2060), o vocábulo verdade vem do latim veritate que significa: “1. Conformidade com o real; exatidão, realidade. 2. Franqueza, sinceridade. 3. Coisa verdadeira ou certa. 4. Princípio certo. 5. Representação fiel de alguma coisa da natureza. 6. Caráter; cunho.”[...] Do ponto de vista filosófico, a idéia de verdade está vinculada a própria filosofia, portanto tenta definir a verdade de acordo com quatro teorias, quais sejam: teoria da coerência, teoria pragmática, teoria da realização, e a teoria da correspondência. A teoria da coerência da verdade exprime que para que uma proposição seja considerada verdadeira faz-se necessário analisá-la em consonância com as demais declarações do sistema. Geisler e Feinberg (2002, p. 186) afirmam que: Segundo a teoria da coerência da verdade, uma declaração (alguns filósofos preferem a palavra juízo) é verdadeira se, e somente se, é coerente ou consistente com as demais declarações do sistema. Cada declaração do sistema é relacionada com todas as demais declarações por implicação.[...] Assim, nenhuma declaração pode ser considerada verdadeira se for descontextualizada, portanto, para que uma proposição seja considerada verdadeira tem que estar coerente com as demais declarações, pois uma proposição implica na outra. Já a teoria pragmática é aquela que para considerar algo como verdadeiro leva em consideração a relação entre aquilo que é considerado verdadeiro e a prática, ou seja, a verdade seria resultado do método experimental e, portanto, aceito pela comunidade científica. Geisler e Feinberg (2002, p. 189) expõem que: Peirce procurava relacionar a verdade com práticas observáveis; seu modo de entender a verdade estava em contradistinção com o de Descartes. [...] Peirce chamava sua abordagem de pragmatismo, e argumentava em prol de uma compreensão pública da verdade. Não se podia conceber da verdade à parte do seu relacionamento prático com dúvidas e crenças dentro do arcabouço da pesquisa humana.[...] A verdade é a conseqüência do método experimental, e será finalmente concordada pela comunidade científica. De acordo com essa teoria, o homem busca a verdade na prática, já que, na perspectiva de Peirce, a verdade surge como resultado dos experimentos científicos, pois a experiência é fundamental para a compreensão da verdade. No entanto, sua visão divergia da de Descartes, visto que este, por sua vez, acreditava no subjetivismo de que a verdade era resultado de uma idéia clara. A teoria do desempenho da verdade é aquela em que a pessoa ao declarar que algo é verdadeiro não está fazendo uma afirmação, mas está apenas concordando com o que está sendo declarado. Geisler e Feinberg (2002, p. 192) postulam que: Argumentava que “verídico” é uma expressão de desempenho. Ao empregar uma definição de desempenho a pessoa não está fazendo uma declaração mas, sim, desempenhando uma ação. Segundo Strawson, ao prefixar uma declaração com: “É verdade que...” não estamos fazendo um comentário sobre a declaração, mas, sim, concordando com, aceitando, ou endossando a declaração. Dizer que “É verdade que o céu é azul” não é dizer nada mais do que “Concordo que o céu é azul.” É possível inferir do exposto que essa concepção de verdade não é resultado de expressões descritivas, pois resulta da aceitação de algo que foi dito, ou seja, a verdade seria resultado do endosso de determinada declaração como verdadeira. A teoria da correspondência da verdade afirma que a verdade é resultado da correspondência entre o que se declara ou se acredita como verdadeiro com os fatos da realidade, como expressam Geisler e Feinberg (2002, p. 194): “A teoria da correspondência da verdade sustenta que a verdade consiste nalguma forma de correspondência entre uma crença ou uma frase, e um fato ou um estado de coisas.” Na perspectiva bíblica, a verdade é o próprio Deus, que se manifesta pela sua palavra, bem como pela encarnação de seu próprio filho. No Antigo Testamento, “Deus é a verdade” como está explícito em Deuteronômio 32.4 e também a “Tua lei é a verdade”, Salmo 119.142. No Novo Testamento, “Disse Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida.” em João 14.6. MacArthur (2008, p.21) afirma sobre o assunto: Uma perspectiva bíblica da verdade também envolve, necessariamente, o reconhecimento de que a verdade absoluta é uma realidade objetiva. A verdade existe fora de nós e permanece inalterável, independentemente de como a percebemos. A verdade, por sua própria natureza, é tão fixa e constante quanto Deus é imutável. Porque a verdade pura (que Francis Schaefer chamava de “verdade verdadeira”) é a expressão inalterada e imutável de quem Deus é; não é a nossa própria interpretação pessoal e arbitrária da realidade. Diante do exposto, depreende-se que o conceito bíblico é absoluto, visto que não é possível dissociar-se a verdade de Deus, já que Ele é a própria verdade, portanto rejeitar as verdades bíblicas é rejeitar o próprio Deus, pois a sua palavra é a manifestação de Deus, que é a verdade, aos homens. Já nos conceitos filosófico e semântico de verdade, observa-se uma verdade relativa, pois para a filosofia a verdade adquire diferentes roupagens de acordo com as diferentes concepções do que é verdadeiro e do que é falso, enquanto no campo semântico a verdade também assume seu caráter de adequação a realidade, visto que a verdade vai variar de acordo com a realidade. Diante do exposto, faz-se necessário uma abordagem mais detalhada de verdade absoluta e relativa, que será realizada a seguir. 2.2.1 Verdade Absoluta e Verdade Relativa Nos últimos três séculos, a verdade deixou de ser absoluta e passou a ser relativa, visto que esta resulta da constante evolução humana. Gonzalez (2004, p. 26) afirma sobre o assunto: Segundo, poderíamos dizer que toda verdade é relativa, que não há tal coisa como verdade absoluta entre os seres humanos. Este conceito de verdade tem estado em moda nos últimos dois ou três séculos, resultado dos enormes desenvolvimentos nos estudos científicos e históricos que nos têm feito conscientes da relatividade de todo conhecimento humano. De acordo com essa perspectiva, toda verdade deve ser considerada relativa, visto que a ciência vive em constante progresso e, portanto, nenhum conhecimento humano pode ser considerado absoluto, pois sofre constante evolução a medida que a ciência aprofunda seus estudos com o passar dos anos. Levando-se em consideração o contexto histórico, já que este trabalho aborda as doutrinas que imergiram na igreja pós-moderna, a queda do muro de Berlim marcou a repentina decadência da era Moderna. Quase que na sua totalidade, conceitos dogmáticos e pontos de vista modernos tornaram-se obsoletos ou ultrapassadas em quase todos os níveis culturais. Até a verdade sofreu uma influência danosa na cultura pós-moderna, pois o relativismo tornou-se o cerne da concepção da verdade. MacArthur (2008, p. 41) ressalta sobre o exposto: A preferência que o pós-modernismo tem pela subjetividade, acima da objetividade, torna-o inerentemente relativista. Naturalmente, o pós-modernista tem aversão por absolutos e não quer reconhecer qualquer verdade que pareça axiomática ou auto-evidente. Pelo contrário, a verdade, quando é, de algum modo, reconhecida, torna-se infinitamente flexível e, em última análise, incapaz de ser reconhecida em algum sentido objetivo. O pós-modernismo assinala, portanto, um grande triunfo do relativismo – o conceito de que a verdade não é fixa e objetiva, e sim algo determinado pela percepção exclusiva e subjetiva de cada pessoa. Tudo isso é, conclusivamente, uma tentativa inútil de eliminar da vida humana a moralidade e a culpa. Portanto, o pós-modernismo reconhece a verdade como relativa, visto que tem preferência pela subjetividade, no entanto, recusa-se a aceitar qualquer verdade como absoluta, tornando-se, assim, o período do relativismo, pois para eles a verdade é flexível, incapaz de ser vista como fixa e objetiva. Diante de tudo que foi exposto acima, pode-se perceber que na pós-modernidade o conceito de verdade absoluta está sendo desprezado, já que há uma relativização da verdade, pois este conceito é sempre analisado da perspectiva subjetiva, portanto, a verdade absoluta é rejeitada, embora seja composta de preceitos considerados universalmente incontestáveis. 2.2.2 Verdade Inerrante A Bíblia é considerada verdade inerrante, embora a inerrância das escrituras seja muito mal compreendida e muito atacada. O grande problema que se percebe é que a inerrância é negada para dar vazão a sérios desvios doutrinários. Ao negar-se a inerrância da Bíblia aparecem desvios doutrinários como: negação da queda de Adão e da experiência de Jonas; tentativa de explicação racional de alguns milagres; uma visão liberal do divórcio, da homossexualidade, do adultério; análise da Bíblia de acordo com a psicologia moderna, dentre outros. O vocábulo inerrância significa ausência de erros. A Bíblia é considerada inerrante, visto que diz a verdade, não necessariamente porque seja isenta de erros, pois nela contém citações livres, linguagem figurada, narrativas diferentes do mesmo evento, aproximações, mas o importante é que ela não se contradiz em seus relatos. Ryrie (2004, p. 91) relata o seguinte: A maioria dos debates sobre verdade e erro perdem-se quando se tornam filosóficos e deixam de ser realistas. A maioria das pessoas entende de forma clara e fácil que as aproximações, a linguagem figurada, etc. dizem a verdade. A Bíblia é inerrante por afirmar a verdade, e o faz sem erros em todas as partes e em todas as palavras. Assim, se a Bíblia for analisada numa perspectiva filosófica ou cientifica pode-se achar equivocadamente que ela contém erros, no entanto, se for analisada da perspectiva que, independentemente da linguagem utilizada, ela é inerrante, porque ela foi inspirada por Deus, que é a verdade, portanto, a Bíblia é a verdade. Na perspectiva do autotestemunho, ou seja, que a Bíblia testifica de si mesma ser a verdade inerrante, pode-se certificar que ela é plenamente confiável em tudo que afirma, desde que se procure entendê-la dentro de seus próprios moldes. Veja o que Piper et al (2006, p. 293) expõe sobre o assunto: A afirmação do autotestemunho das Escrituras é importante por, no mínimo, duas razões. Em primeiro lugar, não nos achegamos à Bíblia e fazemos dela algo que não diz ser. Não lhe conferimos uma autoridade que ela mesma não declare possuir. Em vez disso, é ela que se aproxima de nós, trazendo consigo seu próprio autotestemunho ou autoconfirmação, ou seja, ela é nada menos que a Palavra escrita de Deus e, na condição de ter sido dada pelo Senhor, não apenas possui as marcas da origem divina, mas é também plenamente cheia de autoridade, suficiente e confiável.[...] Logo, pode-se concluir que as Escrituras, embora utilizem uma linguagem que não condiz com a linguagem científica, dão autotestemunho de sua veracidade, ou seja, confirmam que são a própria Palavra de Deus escrita, portanto sua autoridade divina a torna confiável. 2.2.3 Atributos de Deus Segundo Joiner (2007, p. 47), “O termo Atributos de Deus” quer dizer os diferentes aspectos do seu caráter, ou seja, suas qualidades ou perfeições próprias à sua natureza. São chamados atributos porque Deus os atribui a si mesmo, porque são próprios da sua pessoa.” Ryrie (2004, p. 41) afirma que “Atributos são as qualidades inerentes a um sujeito. Elas o identificam, distinguem ou analisam.” Berkhof (2007, p. 41), por sua vez, ressalta que “Todos concordam em que os atributos não são meros nomes sem nenhuma realidade que lhes corresponda, nem partes separadas de um Deus composto, mas sim, qualidades essenciais nas quais o Ser de Deus é revelado e com as quais pode ser identificado.” Depreende-se, portanto, do exposto, que os atributos de Deus são qualidades essenciais inerentes a seu Ser, que Ele atribui a si mesmo, através das quais é possível caracterizá-lo e, principalmente, revelá-lo. Alguns teólogos, como Joiner (2007, p. 49), de modo sucinto, deixam de lado classificações, reúnem em 12 os atributos de Deus, quais sejam: unidade, eternidade, espiritualidade, onisciência, onipotência, onipresença, imutabilidade, sabedoria, verdade, santidade, justiça e bondade. Outros estudiosos do assunto admitem várias classificações para os atributos divinos, no entanto, algumas ganham destaque, são as seguintes: atributos naturais e morais; atributos absolutos e relativos; atributos imanentes ou intransitivos e emanentes ou transitivos; atributos incomunicáveis e comunicáveis. Os atributos considerados naturais seriam aqueles que pertencem à natureza constitutiva de Deus, como auto-existência, simplicidade, infinidade, etc., enquanto os morais seriam aqueles que qualificam-no como um Ser moral, como verdade, bondade, misericórdia, justiça, etc.. No entanto, essa classificação encontra objeções, porque os teólogos afirmam que os atributos morais também são naturais. Os atributos absolutos são aqueles considerados pertencentes à essência de Deus em si mesma, como auto-existência, imensidade, eternidade, etc., enquanto os relativos são aqueles que pertencem à essência divina em relação a sua criação, como onipresença e onisciência. Os atributos intransitivos ou imanentes são aqueles que se expõem e produzem efeitos externos quanto a Deus, como benignidade, justiça, etc., enquanto os transitivos ou emanentes são aqueles que não se expõem nem operam fora da essência divina, como imensidade, eternidade, etc. Os atributos incomunicáveis são aqueles que não existe nada parecido na criatura, como asseidade, imensidade, etc., enquanto os comunicáveis são aqueles com os quais o espírito humano tem algo semelhante, como poder, bondade, misericórdia, retidão, etc. No presente trabalho, abordar-se-á, a seguir, os atributos de Deus, os 12 citados anteriormente, independentemente de classificação, de forma que sirva de embasamento teórico para a compreensão de explicações que são apresentadas nos capítulos subseqüentes. O atributo da unidade significa que só existe um Deus, que é indivisível. Além do que, esse atributo ressalta também a singularidade de Deus, ou seja, que Ele é único, portanto implica dizer que Ele é o único Deus por meio do qual todos os outros seres vieram a existência e, em decorrência disso, existem por meio d’Ele e para Ele, como verifica-se em Efésios 4.6: “Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos.” A eternidade, por sua vez, é o atributo divino que implica que Deus não tem começo nem fim, portanto sua existência é eterna, pois Ele está acima dos limites temporais, visto que Ele é auto-existente, ou seja, nunca foi gerado nem veio a existir. No Salmo 90.2 comprova-se a auto-existência de Deus: “Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus. O atributo da espiritualidade é aquele que exprime que Deus é Espírito, ou seja, que Deus é puramente espiritual, portanto sua existência é distinta da matéria, visto que não possui em seu Ser divino nenhuma característica material, como está expresso em João 4.24a: “Deus é espírito.” Onisciência é um atributo divino que expressa que Deus conhece tudo, ou seja, que esse conhecimento é perfeito e sem restrições, pois Deus sabe todas as coisas reais e possíveis, bem como seu domínio se estende dos céus até a Terra e até ao inferno, portanto seu conhecimento é infinito, como verifica-se em Salmo 147.5 que diz: “Grande é o Senhor nosso e mui poderoso; o seu entendimento não se pode medir.” O atributo da onipotência, por sua vez, significa que Deus tem poder para fazer tudo que lhe apraz, ou seja, Ele é Todo-Poderoso, portanto pode fazer todas as coisas que podem ser feitas, contanto que não seja contrário à sua natureza, como contata-se em Salmo 62.11 que diz: “Uma vez falou Deus, duas vezes ouvi isto: que o poder pertence a Deus.” Onipresença é o atributo que exprime que Deus existe em todo o espaço infinito, ou seja, que Deus está presente em todos os lugares, como afirma Jeremias 23.24b: “Porventura, não encho eu os céus e a terra? – diz o Senhor.” O atributo da imutabilidade significa dizer que Deus não muda em sua essência, em seus propósitos, em seus valores, em seus princípios, ou seja, não pode ocorrer mudança em seu Ser, em sua perfeição, isso, no entanto, não significa que as ações de Deus não possam variar, como está expresso em Malaquias 3.6a: “Porque eu, o Senhor, não mudo.” Sabedoria é o atributo de Deus que exprime o uso correto do conhecimento, ou seja, a sabedoria é a utilização do conhecimento de forma satisfatória, portanto sabedoria e conhecimento não são sinônimos, visto que a sabedoria é a utilização do conhecimento de modo a conseguir os melhores resultados possíveis, como expresso em Provérbios 3.19: “O Senhor com sabedoria fundou a terra, com inteligência estabeleceu os céus.” O atributo da verdade é considerado como veracidade, ou seja, dizer que Deus é a verdade significa incluir a esse conceito as idéias de fidedignidade, fidelidade e coerência, pois afirmar que Deus é a verdade é o mesmo que dizer que Ele é coerente, fiel e fidedigno, portanto Ele é confiável, como descreve João 17.3a: “o único Deus verdadeiro.” Santidade é o atributo de Deus que expressa que Ele é completamente puro, portanto em Deus encerra-se todo princípio de excelência moral, visto que a santidade é inerente a sua natureza divina. Além do mais, a própria palavra santidade significa aquilo que é separado, no caso de Deus é a separação do pecado em virtude de sua santidade, como vê-se em Apocalipse 15.4a: “Pois só tu és santo.” O atributo da justiça é a manifestação prática da retidão, se fez necessário, portanto, que Deus instituísse um governo moral no mundo baseado em leis justas e Ele age de acordo com esses preceitos da moralidade e da justiça prometendo recompensa aos que os obedecerem, como lê-se em Salmo 89.14a: “Justiça e direito são o fundamento do teu trono.” A bondade é um atributo de Deus que abrange a misericórdia, a longanimidade, a beneficência e o amor, portanto a misericórdia de Deus é a manifestação de sua bondade e de seu amor, visto que Deus deseja a felicidade para suas criaturas. Berkhof (2007, p. 68) afirma que: [...]“em nossa atribuição de bondade a Deus, a idéia fundamental é a de que ele é, em todos os aspectos e por todos os modos, tudo aquilo que deve ser como Deus, e, portanto, corresponde perfeitamente ao ideal expresso pela palavra “Deus”.” Assim, Deus é a própria expressão da bondade, como percebe-se em Marcos 10.18b que diz: “Ninguém é bom senão um, que é Deus.” Além desses 12 atributos expostos acima de acordo com a classificação de Joiner, faz-se necessário mencionar também um atributo de suma importância para este presente trabalho que é o da soberania. A soberania é o atributo divino que expressa a magnitude de Deus, visto que Ele é o Ser supremo do universo. Isso significa dizer que Deus está revestido de autoridade absoluta sobre sua obra criadora, ou seja, o céu, a Terra e tudo o que eles contêm lhe pertencem, como constata-se em Salmo 135.6: “Tudo quanto aprouve ao Senhor, ele o fez, nos céus e na terra, no mar e em todos os abismos.”

IGREJA EMERGENTE


IGREJA EMERGENTE O termo Igreja emergente surgiu no final do século XX, mas difundiu-se no início do século XXI. Trata-se de uma nova terminologia usada para referir-se a Igreja Pós-moderna, cuja teologia apresenta uma nova abordagem bíblica, que surgiu da insatisfação dos cristãos com a vida espiritual que estavam desenvolvendo, bem como pela frustração com a estrutura e tradição da igreja. Um dos maiores propagadores dessa nova teologia é o americano Dan Kimball que publicou o livro The Emerging Church: Vintage Christianity for New Generations. Essas mudanças na comunidade cristã nasceram no século passado, mas estão sendo impostas como decorrência da pós-modernidade, visto que a relativização dos valores e dos dogmas é um princípio basilar pós-moderno. Assim, a relativização da verdade decorrente de sua desvalorização também foi fator decisivo que propiciou o surgimento dessas comunidades cristãs independentes, denominadas Igrejas Emergentes. MacArthur (2008, p.09) define Igreja Emergente com muita propriedade como: Esse é o nome popular de uma associação informal de comunidades cristãs, de alcance mundial, que deseja restaurar a igreja, alterar o modo de os cristãos interagirem com a sua cultura e remodelar a maneira de pensarmos a respeito da própria verdade. Da própria definição de Igreja Emergente infere-se que um de seus postulados fundamentais tem por finalidade a relativização do conceito de verdade, visto que ele pode ser remodelado, admitindo-se, assim, a verdade como algo que se sujeita a adaptações. Consonante com essa definição de MacArthur, que a igreja emergente ou igreja pós-moderna surge da necessidade dos cristãos alterarem o modelo da igreja vigente para adequá-la as necessidades da pós-modernidade, Daniel (2007, p. 30) conceitua igreja emergente como: Igreja Emergente ou Igreja Pós-moderna, como também é chamada, é um movimento nascido no meio evangélico e que procura atrair cristãos influenciados pela pós-modernidade, principalmente aqueles cristãos sem igreja ou que se definem como desiludidos ou insatisfeitos com suas igrejas ou com todas as igrejas. Gente que se diz cansada ou frustrada com a organização e a tradição de suas denominações (o que chamam invariavelmente de “legalismo”, termo que também tem outros sentidos para os emergentes) e com o “sistema” e “jeito de ser” do meio evangélico. Portanto, essa necessidade de redefinir as crenças cristãs surge da insatisfação de alguns cristãos com o cristianismo vigente, buscando, assim, novos significados para as verdades bíblicas fora do legalismo e da ortodoxia inflexível. Essa perspectiva de abordar a verdade bíblica como adaptável e ambígua permeia cada vez mais as igrejas evangélicas da atualidade, já que não é mais tão importante se algo é verdade ou não, mas se as pessoas aprovam ou não esse algo, que deve ser bem mais atraente, principalmente, para os jovens, que não conseguem suportar a verdade bíblica, pois esta vai de encontro aos seus estilos de vida permeados de permissividade. Essas teologias pós-modernas, que servem de fundamento para as Igrejas Emergentes, surgem a partir da ética pós-moderna que tem como fundamento a busca pelo prazer e satisfação pessoal, levando os cristãos a flexibilizarem sua fé na busca por essas falsas necessidades e desvirtuando, assim, o conceito bíblico da verdade. Assim, as pessoas são induzidas a acreditarem que para serem felizes precisam satisfazer as demandas da pós-modernidade. No presente trabalho faz-se necessário abordar, como veremos a seguir, algumas destas doutrinas, as mais significativas na atualidade, dessa nova categoria de igreja que surge, cujo fundamento contraria a doutrina bíblica, quais sejam: Teísmo Aberto ou Teologia Relacional, Confissão Positiva ou Movimento da Fé e Auto-ajuda. 3.1 Teísmo Aberto ou Teologia Relacional O teólogo canadense Clark Pinnock é o nome mais expressivo do movimento teológico denominado também de teologia da abertura de Deus ou teologia relacional, que tem também como teólogos renomados Gregory Boyd e John Sanders, que difundem essa visão. Embora esses defensores do teísmo aberto descrevam esse movimento como contemporâneo, faz-se necessário ressaltar que suas idéias tem como fundamento os movimentos intelectuais do passado, mas precisamente na antiguidade. Frame (2006, p. 25) afirma o seguinte sobre o assunto: O próprio Sanders admite que um dos elementos característicos cruciais (o elemento crucial, na minha visão) do teísmo aberto é antigo: o livre-arbitrio indeterminista. Ele observa que esse conceito pode ser encontrado em Filo e em muitos antigos pais da Igreja. Ele encontra o indeterminismo, obviamente, nos escritos de Jacob Arminius (m.1609), o oponente do calvinismo. Evidentemente, o indeterminismo não é uma ideia tão nova assim. Portanto, o teísmo aberto ou teologia relacional não é uma idéia tão nova quanto seus divulgadores tentam disseminar que é, nada mais é do que uma nova abordagem da natureza e dos atributos de Deus, que tem se difundindo contemporaneamente. Assim, o Teísmo Aberto ou Teologia Relacional, na verdade, surgiu do debate entre arminianos, que professam a liberdade e responsabilidade humana por suas escolhas, e calvinistas, que acreditam em Deus como Criador soberano e onisciente. Veja o que Emmons (2006, p. 5) expõe a esse respeito: Há centenas de anos as pessoas lutam com dois ensinos da Bíblia aparentemente incompatíveis entre si: a determinação global e onisciente [por parte de Deus] de tudo o que acontece em Sua criação (denominada “providência” ou “presciência”) e a liberdade e responsabilidade humanas de escolher seu próprio caminho (chamada de “livre-arbítrio”). Essa antinomia bíblica apresenta a soberania divina e a responsabilidade humana numa situação de convivência mútua. Entretanto, o raciocínio humano procura solucionar a situação com a exclusão de uma delas. Dessa forma, os teólogos do Teísmo Aberto, na ânsia de encontrarem um meio-termo aceitável entre as idéias arminianas e calvinistas, acabaram por difundir idéias muito liberais decorrentes da Teologia Liberal. Convém ainda salientar que, o Teísmo Aberto ou Teologia Relacional não pode ser considerado como algo novo também, porque suas origens remontam a Teologia do Processo, esta, por sua vez, considerada uma seita que teve sua origem no século 19 e desenvolveu-se a partir do criticismo racionalista baseado no ensino de Socínio. Veja o que assegura Merkle (2006, p. 59) sobre o assunto: Ao contrário da forma pela qual costumam falar, os defensores da teologia relacional de Deus não estão necessariamente explorando um novo e excitante território. (...) A doutrina relacional de Deus é meramente uma reedição de uma das mais detestáveis partes da teologia do século 16, com Socínio. Ou, mais recentemente, a teologia relacional de Deus é uma versão rebatizada daquilo que tem sido formado na Universidade de Chicago há pelo menos cinquenta anos sob a liderança da teologia do processo.(...) Assim, pode-se constatar que o Teísmo Aberto ou Teologia Relacional tem a origem de seu pensamento na teologia do processo, cujo mentor foi o matemático e filósofo Alfred Whitehead (1861-1947) e suas idéias nada mais eram do que um reavivamento das idéias de Socínio. Já que foi abordado o termo Teologia Relacional, faz-se necessário fazer uma pequena observação sobre a origem do termo, visto que, embora, Ricardo Gondim atribua a si e ao engenheiro Stanlei Belan a criação do termo Teologia Relacional, outro nome dado ao Teísmo Aberto, que também é denominado por alguns teólogos como Teísmo Relacional, nada se encontra na literatura sobre o assunto que atribua a ambos a autoria do termo. O Teísmo Aberto ou Teologia Relacional como o nome já define é a expressão de um pensamento humano sobre Deus, e como todo pensamento teológico, esse é baseado em uma particular interpretação do modo como Deus se relaciona com a sua criação. A partir dessa interpretação particular de Deus, o Teísmo Aberto ou Teologia Relacional argumenta que a visão clássica de Deus o retrata como dominador, quando na verdade Ele não é, visto que Ele não é conhecedor de tudo, mas apenas daquilo que é possível saber, pois Ele não é conhecedor das ações futuras das pessoas livres. De acordo com o exposto, Armstrong (2006, p. 10) assevera que: Os argumentos do teísmo relacional geralmente estão arraigados na noção de que a visão clássica de Deus o apresenta como um déspota ou como um soberano dominador. Eles insistem que Deus tem conhecimento, mas não todo o conhecimento. Ele não conhece os atos futuros de seres livres, caso contrário esses atos não poderiam ser praticados por criaturas verdadeiramente livres. Já que Deus não sabe o que acontecerá na sua vida amanhã, Ele não é uma divindade isolada e distante, mas um Deus envolvido e pessoal. O deus do teísmo relacional está pronto para entrar em novas experiências e tornar-se profundamente envolvido em nos ajudar, à medida que nós, juntamente com ele, encaramos os eventos que nós não sabíamos que aconteceriam.(...) Depreende-se do exposto acima que o Teísmo Aberto ou Teologia Relacional relativiza a onisciência de Deus ao afirmar que Deus só tem conhecimento de todas as coisas que podem ser conhecidas, portanto, Deus não tem conhecimento do futuro, visto que este é imprevisível para Ele por ser decorrente da vontade de seres livres. Os estudiosos sobre o Teísmo Aberto ou Teologia Relacional ou Teísmo Relacional são unânimes em afirmar que esse movimento teológico tem cinco pilares que fundamentam suas afirmações e crenças, quais sejam: o maior atributo de Deus é o amor; Deus não é tão soberano assim; Deus não conhece o futuro; Deus se arrisca e Deus comete erros, aprende e muda. Diante do exposto, faz-se necessário um maior detalhamento a seguir desses fundamentos imprescindíveis ao entendimento do Teísmo Aberto. Um dos fundamentos do Teísmo Aberto é considerar o amor como maior atributo de Deus. Os teólogos que defendem esse movimento centralizam um único atributo de Deus, que no caso é o amor, e tentam compreender Deus a partir dele. Observe o que Daniel (2007, p. 162) explana sobre o assunto: Na Teologia Relacional ou Teísmo Aberto, este atributo divino é normalmente enfatizado em detrimento a todos os demais atributos de Deus. Todos os atributos divinos, mesmo sua imutabilidade, sua onisciência e sua onipotência, são diminuídos e reinterpretados para favorecer o atributo do amor. Ao procederem desta maneira, os teólogos desse movimento adotam a mesma perspectiva defendida por Ritschl em que há uma releitura dos demais atributos de Deus de modo a minimizá-los favorecendo assim a exaltação do atributo do amor como o mais relevante. Esse modo de pensar opõe-se a teologia clássica que considera todos os atributos de Deus essenciais para entender a sua essência. Outro ponto fundamental para os teístas abertos é a relativização da soberania de Deus ao afirmarem que Deus não é tão soberano assim, ou seja, eles consideram que há soberania em Deus, mas esta não é absoluta. Piper (2006, p. 310) assevera o seguinte sobre o exposto: A maioria dos proponentes do teísmo aberto, senão todos eles, tende a “limitar” a soberania de Deus em algum sentido. Devo comentar brevemente que não estou usando a palavra “limitar” em sentido negativo ou pejorativo. Em vez disso, ela está sendo usada no sentido de que Deus livremente escolhe limitar a si mesmo em virtude do fato de que ele optou criar certo tipo de mundo, ou seja, um mundo que contém seres humanos com liberdade libertária. Nesse sentido, então, “limitar” não se refere a uma fraqueza ou imperfeição de Deus; em vez disso, se refere a uma limitação auto-imposta que é parte de seu plano, e não uma violação dele. Assim, os doutrinadores do Teísmo Relacional acreditam que a limitação da soberania de Deus também é uma manifestação de sua vontade soberana que limitou a si mesmo como parte de seu plano criador, portanto essa limitação não possui conotação negativa, visto que para cumprimento do seu desejo Deus auto limitou-se, ou seja, Ele mesmo soberanamente resolveu limitar-se. O Teísmo Aberto tem como um de seus pressupostos fundamentais a afirmação de que Deus desconhece o futuro, abandonando assim a posição clássica que defende a onisciência de Deus. Frame (2006, p. 74) expõe o seguinte sobre o tema: Por esse ponto de vista, o futuro é de tal natureza que não pode ser conhecido exaustivamente. Assim, os teístas relacionais alegam que, de seu ponto de vista, Deus é onisciente no sentido de que ele conhece tudo o que pode ser conhecido. O fato de que ele carece conhecimento exaustivo sobre o futuro não é propriamente uma limitação, mas uma inabilidade de fazer um círculo quadrado. Assim como sua onipotência o capacita a fazer tudo o que pode ser feito, sua onisciência o capacita a conhecer tudo o que pode ser conhecido. Isso inclui o conhecimento do passado e do presente, mas não do futuro, de forma que os teístas relacionais chamam sua posição de presentismo. Nessa perspectiva, pode-se perceber que há uma negação que Deus conhece o futuro e, por conseguinte, uma relativização de um dos atributos mais importantes de Deus que é a onisciência. Portanto, de acordo com os teólogos que defendem esse movimento, Deus conhece o que é possível conhecer como passado e presente, mas não pode conhecer o futuro, pois Deus não poderia conhecer o que ainda não existe. Outro pilar fundamental do Teísmo Aberto é a proposição Deus se arrisca, visto que os teólogos desse movimento acreditam que Deus ao criar os homens e os anjos e dar-lhes o livre-arbítrio colocou-se em situação de risco ao não ter em suas mãos o controle das ações de suas criaturas. Frame (2006, p. 81) expõe que: Outra objeção dos teólogos do teísmo aberto à doutrina da preordenação exaustiva divina é que Deus, na Bíblia, nem sempre consegue tudo o que quer. Às vezes, as criaturas “frustam” a vontade de Deus. Portanto, Deus precisa se arriscar. Nicole mostra que, para os defensores do teísmo aberto, esses riscos são realmente grandes. Para eles, a frustração de Deus não é ocasional, mas frequente. Ele assumiu um risco muito grande ao criar anjos livres e, junto com muitos anjos caídos, Satanás desertou, criando o “enorme problema do mal”. Deus esperava que Adão e Eva permanecessem justos, mas eles não o fizeram. Num determinado momento, o mal se tornou tão desenfreado a pondo de Deus se arrepender de ter feito a humanidade, tendo, então, provocado uma “quase completa aniquilação da humanidade”. Deus se arriscou, salvando Noé e sua família, mas isso também não deu certo. Essas apostas se mostraram tão ruins que somente a morte do seu próprio Filho poderia salvar a situação. Porém, mesmo isso se tornou insuficiente, visto que muitas pessoas se recusam a crer e têm sofrido consequências devastadoras. Assim, de acordo com essa perspectiva dos teístas relacionais, Deus se arrisca, pois Ele nem sempre consegue que as coisas saiam exatamente como Ele quer, portanto, disso decorre também que Ele se frustra, pois seus planos para darem certo necessitam que as suas criaturas façam exatamente o que Ele espera, o que nem sempre acontece, visto que Ele legou-lhes o livre-arbítrio, assumindo assim o risco de ter os seus desígnios frustrados. De acordo com o Teísmo Aberto, Deus comete erros, aprende e muda. Essa capacidade de Deus de cometer erros, aprender e mudar seria, na perspectiva dos teístas relacionais, decorrente do fato de Deus desconhecer o futuro, pois como o futuro é desconhecido vai proporcionar a Deus a oportunidade de aprender com as situações. Wilson (2006, p. 25) assevera o seguinte sobre o exposto: No teísmo relacional, o futuro é imprevisível, e vem a existência como resultado de uma cooperação de esforços entre Deus e o homem, em cujo processo Deus aprende muitas lições profundas. Ele é surpreendido a cada dia, e aprende com aquilo que nós fazemos. Em resumo, ele não é o Deus de Isaías. Percebe-se que essa capacidade de Deus mudar é decorrente do fato do futuro ser totalmente imprevisível, ou seja, desconhecido para Deus, portanto Ele é surpreendido com as situações e, por isso, vai reagir de diferentes maneiras de acordo com os fatos que a realidade vai lhe apresentando. Veja o que Piper (2006, p. 113) também afirma sobre o assunto: O teísmo aberto é o teísmo do livre-arbítrio levado a seu extremo lógico no aspecto de que argumenta que, à medida que Deus nos deu o livre-arbítrio libertário, nem mesmo ele pode saber quais escolhas faremos; desse modo, a porção do futuro que será determinada pelas escolhas livres humanas ainda não feitas está “aberta” e é desconhecida tanto para ele quanto para nós. Além do que essa concepção do teístas relacionais nada mais é do que uma abertura no que diz respeito a presciência de Deus, pois relativiza também esse atributo de Deus ao afirmar que Deus não é conhecedor do futuro que decorre das escolha humanas, visto que este ainda não é conhecido nem mesmo daqueles que vão fazer tal escolha. Veja o que Daniel (2007, p. 165) afirma sobre o tema: Segundo o teísmo aberto, como Deus desconhece o futuro, Ele aprende com as realidades à medida que elas vão acontecendo. O Deus da Teologia Relacional é vulnerável, comete erros, aprende com eles e muda de posição. Deus muda seus planos constantemente. Por isso, os adeptos desse pensamento ensinam que é errado afirmar que quando a Bíblia fala que Deus “arrependeu-se” está usando um antropomorfismo. Para eles, Deus arrependeu-se mesmo. Ele mudou de ideia. Deus é mutável. Ele é totalmente passível de influências do ser humano. Assim, os teístas relacionais acreditam realmente que Deus muda de ideia de acordo com a forma que as circunstâncias se apresentam, sendo, portanto, passível de arrepender-se de suas atitudes e mudar de postura diante dos fatos. 3.2 Confissão Positiva ou Movimento da Fé O movimento da Confissão Positiva é a versão cristianizada do pensamento positivo que professa que o ato de confessar positivamente o que se crê faz com que o desejo confessado aconteça, levando, assim, os cristãos a substituírem a fé em Deus pela fé em si mesmo. É conhecido popularmente como teologia da prosperidade, evangelho da saúde e da prosperidade, palavra da fé ou ainda Movimento da Fé. Esse movimento teve seu início em meados do século XIX, nos Estados Unidos, a partir de uma antiga heresia conhecida como gnosticismo, que ensinava que havia uma verdade mais elevada acessível somente aos iluminados por Deus. A Confissão Positiva foi fundada por Essek William Kenyon, que foi influenciado por Mary Baker Eddy, fundadora da Ciência Cristã, que enfatizava saúde e prosperidade, bem como utilizava a técnica do poder do pensamento positivo. Kenyon, por sua vez, teve suas ideias utilizadas por Kenneth Erwin Hagin, que foi acusado de plagiá-lo, no entanto Hagin tornou-se um dos maiores divulgadores dessa corrente doutrinária com a publicação de inúmeros livros sobre o assunto. Hagin criou o Centro de Treinamento Bíblico Rhema, que hoje é um dos maiores e mais influentes ministérios do mundo. O Movimento da Fé encontrou acolhida de seus ensinamentos em inúmeros ministérios brasileiros, tais como: Igreja Verbo da Vida, Comunidade Rema do Morro Grande, Igreja Internacional da Graça de Deus, Ministério Cristo Salva, Igreja Evangélica Cristo Vive, Igreja Universal do Reino de Deus, Ministério Palavra da Fé (Igreja Nacional do Senhor Jesus Cristo), dentre outras. Um dos pressupostos fundamentais da Confissão Positiva é que o cristão deve ser próspero e livre de qualquer enfermidade, pois, segundo eles, se isto não acontecer é porque o cristão não tem fé ou está vivendo em pecado. Romeiro (2007, p. 19) sobre o assunto expõe: Essa corrente doutrinária ensina que qualquer sofrimento do cristão indica falta de fé. Assim, a marca do cristão cheio de fé e bem-sucedido é a plena saúde física, emocional e espiritual, além da prosperidade material. Pobreza e doença são resultados visíveis do fracasso do cristão que vive em pecado ou possui fé insuficiente. Nessa perspectiva, o cristão não pode em hipótese alguma vivenciar derrotas ou fracasso, quer no aspecto financeiro ou de sua saúde, pois os pregadores desse movimento afirmam que a prosperidade financeira, assim como a saúde, são os indicativos da fidelidade do cristão a Deus, bem como da manifestação da sua fé. Hagin afirma ter recebido uma revelação do próprio Jesus que lhe ensinou a “fórmula da fé” para obter tudo que desejar. Renovato (2007, p. 180) afirma sobre o exposto: É o terceiro ponto da teologia da prosperidade. Ela está incluída na “fórmula da fé”, que Haggin diz ter recebido diretamente de Jesus, que lhe apareceu e mandou escrever de 1 a 4, a “fórmula”. Se alguém deseja receber algo de Jesus, dizia ele, basta segui-la: 1. “Diga a coisa”. “Positiva ou negativamente, tudo depende do indivíduo. De acordo com o que o indivíduo quiser, ele receberá.” Essa é a essência da confissão positiva.(...) 2. “Faça a coisa”. “Seus atos derrotam-lhe ou lhe dão vitória. De acordo com sua ação, você será impedido ou receberá.” Para o confesso triunfalista, ele pode fazer tudo o que quiser, de acordo com sua fé. Nada o impedirá. 3. “Receba a coisa”. “Compete-nos a conexão com o dínamo do céu. A fé é o pino da tomada. Basta conectá-lo. Podemos perceber o ar de auto-suficiência que essa doutrina passa para as pessoas. Basta querer, ter fé, e tudo receberá! 4. “Conte a coisa”. “A fim de que outros também possam crer. É o testemunho das bênçãos recebidas. (...) Assim, os propagadores desse movimento afirmam que não se faz necessário submeter os pedidos à vontade de Deus, visto que é a confissão que gera as coisas, ou seja, as coisas só passarão a existir se forem declaradas com fé. Desse modo, os adeptos dessa doutrina não submetem seus pedidos à vontade de Deus, pois acreditam que se assim o fizerem não estarão utilizando a fé, já que, segundo esses doutrinadores, utilizar a expressão “se for a tua vontade” destrói a fé, portanto o homem dever trazer a existência o que deseja através da declaração de sua boca, visto que a fé manifesta-se através da confissão. Os teólogos da prosperidade para justificarem seus ensinamentos afirmam que receberam autoridade espiritual de Deus para serem seus porta-vozes nos dias atuais. Eles professam que o homem é uma encarnação de Deus e que as pessoas não tem um deus dentro de si, mas que cada um é um Deus. Veja o que expõe Renovato (2007, p. 180) sobre o assunto: Veja o que disseram alguns desses “mestres da fé”: “Você é tanto uma encarnação de Deus quanto Jesus Cristo o foi...”(Hagin, Word of Faith, 1980, p. 14). “Você não tem um deus dentro de você. Você é um Deus”(Kenneth Copeland, fita cassete The Force of Love, BBC-56). “Eis quem somos: somos Cristo!” (Hagin, Zoe: A Própria Vida de Deus, p. 57). “Eu sou um pequeno Messias”. (...) Assim, os doutrinadores da Confissão Positiva acreditam serem a própria encarnação de Deus, portanto seus desejos são os desejos do próprio Deus, pois, de acordo com sua visão, seria incoerente submeterem a sua vontade, que é a do próprio Deus, à Deus, visto que eles se consideram o próprio Cristo. 3.3 Evangelho da Auto-ajuda As igrejas evangélicas da atualidade na busca de responder os anseios do ser humano moderno, que tenta satisfazer as exigências da contemporaneidade, pregam um evangelho permeado dos princípios da auto-ajuda. Norman Vincent Peale, que fundiu a teologia com a psicologia e criou a psicologia cristã, é considerado o pioneiro na pregação desse evangelho denominado de Evangelho da Auto-ajuda. Esse ensinamento, devido suas idéias humanistas, encontrou inúmeros divulgadores como: Robert Schüller, Charles Swindoll, Charles Stanley, Josh McDowell, Anthony Hoekema, Norman Geisler, James Dobson, Rick Warren, Joel Osteen, dentre outros. A Revista Veja, na edição 1964, veiculou como manchete da capa a matéria intitulada O Pastor é Show!, fazendo alusão justamente a essa nova tendência dos pastores da atualidade pregarem um Evangelho de Auto-ajuda embasado na psicologia. Sobre o assunto, a Veja ressalta o seguinte: A nova geração de líderes evangélicos achou um caminho muito mais certeiro e útil de chegar ao coração dos fiéis: o da auto-ajuda. A promessa é a mesma que ofereciam pentecostais e neopentecostais da geração passada: o da felicidade e prosperidade aqui e agora. Só que, para alcançá-las, os novos pastores sugerem outras ferramentas: além da fé, o bom senso; somado à intervenção divina, o esforço individual. Assim, os líderes evangélicos já não abordam a essência do evangelho como faziam os primeiros apóstolos, sua pregação hoje tem como foco o homem, bem como a racionalização do uso de seu potencial em prol de conseguir sucesso em todas as áreas de sua vida. A Auto-ajuda surgiu como forma de responder a necessidade humana de superar suas limitações a fim de adequar-se as exigências de uma sociedade em que o consumismo e a aquisição de bens expressam quem as pessoas são ou o modo como elas gostariam de serem vistas. Veja o que expõe Bessa (2008, p. 24): O discurso que sustenta o mercado responde à indústria da cultura, que defende o consumismo e a aquisição de bens como resposta à sensação de inadequação. Nessa cultura, as mercadorias são mais que objetos, elas sinalizam quem as pessoas são ou, ao menos, como gostariam de serem vistas. Ou, como menciona Rudiger: [...] parece-nos correta a hipótese de que as tendências de auto-ajuda surgidas nos últimos anos na verdade são, genericamente, uma forma de conciliar os valores hedonistas, promovidos pela indústria da cultura com as demandas profissionais do sistema empresarial. Com ele concorda Mário Maestri, doutor em história, para quem a literatura de auto-ajuda é empobrecedora, por defender soluções mágicas, pautada por uma ótica capitalista, que privilegia a irracionalidade. Esse tipo de evangelho, pregado com base na auto-ajuda, endossa a satisfação da vontade humana, propagando, assim, os valores hedonistas, em que a busca do prazer individual e imediato é a única finalidade da vida. Os teólogos dessa corrente doutrinária levam os homens a recuperarem sua auto-confiança a partir da crença na identidade humana de filho de Deus e que, por isso, o homem tem direito de receber todos os benefícios provenientes de seu Pai, que, nessa perspectiva, seria uma vida plena de sucesso e felicidade. O Evangelho da Auto-ajuda faz uso da Bíblia para pregações unicamente motivacionais, ou seja, são utilizados textos bíblicos com a finalidade de motivar o cristão a mudar sua realidade e conquistar o sucesso almejado. Daniel (2007, p. 187) expõe sobre o assunto: Os evangelistas da auto-ajuda não pregam a inteireza da mensagem bíblica. Apenas apresentam as Escrituras como um aglomerado de histórias inspirativas e frases de auto-ajuda. “Todo o conselho de Deus” (At 20.27) não é apresentado, mas apenas aquelas passagens cujo conteúdo pode ser usado como material motivacional, para extrair lições que venham ajudar as pessoas a superar conflitos pessoais corriqueiros, que oriente as pessoas sobre pequenas questões do dia-a-dia. Assim, são selecionados e ganham relevância apenas alguns textos bíblicos, em detrimento de outros, que tenham lições que possam auxiliar as pessoas a superarem conflitos pessoais e orientá-las a enfrentarem as mais diversificadas situações que se apresentem. Procedendo dessa forma, seus pregadores evitam falar de doutrinas bíblicas impopulares atualmente. O evangelho da auto-ajuda, como o próprio nome já denuncia, seria aquele em que o homem se auto-ajuda, ou seja, ele ajuda a si mesmo, portanto tem como fundamento a centralização do ego humano, pois este, por sua vez, significa a pessoa em si mesma, visto que a centralização se dá em torno do próprio homem. MacMahon (2007, p. 13) explanou sobre o assunto: Para que possamos entender melhor quais eram as preocupações de Paulo, é necessário que iniciemos pela definição do termo “ego”. Significa simplesmente a pessoa em si mesma. Que dizer eu – e tudo o que compreende o meu ser. Nesse caso, ser um amante de mim mesmo significa que eu me amo em primeiro lugar e acima de tudo. O ego domina, por completo, o meu coração, a minha mente, a minha vontade e a minha consciência.(...) Desse modo, percebe-se que o ego passou a ser o centro da vida humana, pois a humanidade passou a ser o referencial de todas as coisas, portanto o homem tenta resolver seus problemas por conta própria, ou seja, no ser humano encontra-se o potencial necessário para a solução de todos os problemas. Essa corrente doutrinária fundamenta suas crenças nas teorias evolucionista e humanista, que acreditam que a humanidade passa a ter como referencial a si mesma, excluindo, assim, Deus do centro da vida do homem. MacMahon (2007, p. 13) afirma o seguinte: Ao excluir-se Deus do cenário da vida, resta-nos apenas o “ego” ( ou melhor, o deus “Ego”), de modo que a humanidade passa a ser o referencial de todas as coisas.(...) Essa crença evolucionista e humanista postula que no íntimo do ser humano encontra-se o potencial completo e necessário para que surjam as soluções de tais problemas. The Humanista Manifesto I [O Manifesto Humanista I] declara: “O homem finalmente está cônscio de que somente ele é responsável pela concretização do mundo de seus sonhos, de que possui dentro de si mesmo o poder para tal façanha”.(...) Assim, de acordo com essa perspectiva, o homem passa a crer que as curas dos males da humanidade encontram-se dentro do próprio homem, excluindo dessa maneira Deus da centralidade, ou seja, há uma independência do homem de Deus, portanto a esperança de um mundo melhor só depende exclusivamente do homem, que possui o potencial para resolver todos os problemas.