sexta-feira, 24 de agosto de 2012

COMO AS FALSAS DOUTRINAS MINAM À IGREJA CRISTÃ PÓS-MODERNA


COMO AS FALSAS DOUTRINAS MINAM A IGREJA CRISTÃ PÓS-MODERNA? As falsas doutrinas infiltram-se na igreja cristã pós-moderna com muita facilidade na atualidade pelo fato da sociedade ser relativista, contudo é relevante relembrar que a fonte objetiva de autoridade da igreja cristã é a Bíblia, visto que muitas posições doutrinárias são inaceitáveis à luz da Palavra de Deus. De acordo com as Sagradas Escrituras, Jesus Cristo é a Pedra Angular (Mateus 21.42) sobre a qual a igreja cristã foi fundada, portanto seus ensinamentos, que se encontram registrados na Bíblia, são imutáveis e constituem-se a base doutrinária das igrejas cristãs. Com base no que foi exposto, pode-se concluir que a defesa da fé cristã exige que se busque embasamento bíblico-doutrinário, pois a Bíblia é o alicerce do desenvolvimento de uma teologia genuinamente cristã. A própria Bíblia testifica de si mesma que é a verdade em João 17.17 quando afirma: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.”(versão Almeida, Revista e Atualizada) Assim, entende-se que as falsas doutrinas minam o alicerce da igreja cristã pós-moderna, visto que seus ensinamentos doutrinários contrariam as verdades bíblicas desvirtuando os fundamentos da ortodoxia cristã. Como foi citado no presente trabalho, o teísmo aberto é uma das doutrinas que minam o alicerce da igreja cristã pós-moderna, pois sua doutrina levanta dúvidas quanto a preceitos considerados basilares para o cristianismo, portanto seus ensinamentos acabam por constituírem-se em heresia. Um dos pilares do teísmo aberto que mina a fé da igreja cristã é a afirmação de que Deus desconhece o futuro, pois leva o homem a descrer na presciência de Deus. Piper, Taylor, Helseth (2006, p. 238) sobre o assunto ressaltam que “O teísmo aberto desafia a base da teologia cristã tradicional ao discutir que Deus não conhece com certeza as decisões futuras e os atos livres de suas criaturas.” Tal desvio é inconcebível para o desenvolvimento da igreja cristã, já que prega a limitação de Deus em interferir no futuro, visto que para Ele este é desconhecido, portanto a humanidade estaria diante de um Deus impotente que nada pode fazer em relação ao futuro, já que este é resultado da ação livre dos homens, portanto Deus não pode conhecê-lo. Esse ensinamento do teísmo aberto é totalmente contrário a base do cristianismo, que prega que Deus tem como um de seus atributos fundamentais a onisciência, ou seja, Deus conhece tudo, como está na Bíblia em Hebreus 4.13 que afirma: “E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas.” Ainda pode-se certificar da onisciência de Deus em Jeremias 23.23-24 que diz: “Acaso sou Deus apenas de perto, diz o Senhor, e não também de longe? Ocultar-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? Diz o Senhor; por ventura não encho eu os céus e a terra? Diz o Senhor.” Em Daniel 2.21-22 também verifica-se a magnitude da onisciência de Deus ao afirmar que: “É ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos entendidos. ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz.” Percebe-se, além disso, que esta heresia levaria a outra, pois se Deus desconhece o futuro e, portanto, não pode interferir nele, colocaria por terra outro atributo de Deus que é a onipotência. Assim, diante do exposto, surgem vários questionamentos importantes: a igreja que segue tais heresias estaria servindo a um Deus verossímil? Pois se esse Deus pregado pelo teísmo aberto é destituído de atributos imprescindíveis a uma entidade divina suprema, como onisciência e onipotência, estariam os seguidores dessa doutrina acreditando em um Deus legítimo? Desse modo, teria sentido para os cristãos orarem por um Deus que nada pode fazer em relação ao futuro, pois este lhe é desconhecido? Os teístas abertos com essa afirmação de que Deus desconhece o futuro refutam várias profecias bíblicas que se cumpriram ao longo dos séculos, tais como: Isaías 7.14, quando o profeta anunciou a chegada do Messias; Isaías 9.1-7, o sinal do Messias; Isaías 40.3, ministério de João Batista; Isaías 53.1-12, o sofrimento e triunfo do Messias; Isaías 61.1-11, o ministério do Messias; Salmo 22, sofrimento e vitória do Messias; Malaquias 3.1, a vinda de João Batista; Miquéias 5.2, o rei vindouro; dentre muitas outras. Além do mais, pode se afirmar que Deus era conhecedor do destino da humanidade, ou seja, do seu futuro, pois Ele sabia antes da fundação do mundo que Adão iria pecar, portanto preparou o cordeiro para expiação do pecado humano antes que os fundamentos da Terra fossem formados, como pode se verificar em Apocalipse 13.8 que diz: “e adorá-la-ao todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.” e que se confirma em I Pedro 1. 19-20 que expressa: “mas pelo precioso sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado nos fins dos tempos, por amor de vós”. Esse preceito do teísmo aberto que afirma que Deus desconhece o futuro, pelo fato do homem possuir livre-arbítrio, pode ser totalmente refutado através de vários fundamentos bíblicos, como se pode constatar também, por exemplo, no Salmo 139.1-4 que diz: Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras os meus pensamentos. Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar e conheces todos os meus caminhos. Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, Senhor, já a conheces toda. Portanto, a alegação do teísmo aberto que Deus não sabe as decisões que o homem vai tomar quanto ao futuro é infundada, visto que a Bíblia afirma que Deus conhece os pensamentos do homem, bem como suas palavras antes mesmo de serem faladas. Outro preceito do teísmo aberto que abala os fundamentos da igreja cristã é afirmar que o maior atributo de Deus é o amor, pois dessa forma menospreza os demais atributos relevantes de Deus, tais como: justiça, santidade, soberania, verdade, imutabilidade, infinitude, unidade, simplicidade, eternidade, onipresença, onisciência, onipotência e liberdade. Dessa forma, o teísmo aberto, diferentemente da teologia clássica, adota a posição de centralizar um único atributo de Deus, sem levar em consideração que todos os atributos de Deus fazem parte de sua essência. Nessa perspectiva, os teólogos do teísmo aberto consideram o amor como atributo fundamental de Deus, ou seja, o maior atributo de Deus seria o amor, adotando assim as idéias de Ritschl sobre o assunto. Veja o que Frame (2006, p.46) expõe: Os teólogos erram ao pensar que a centralidade do seu atributo favorito exclui a centralidade de outros atributos. Esses escritores estão (como muitas vezes acontece com os teólogos) certos no que afirmam, mas errados nas coisas que negam. Ritschl está certo ao dizer que o amor é a essência de Deus, mas errado ao dizer que santidade não é. E esse tipo de erro geralmente vem ligado a outros erros teológicos. Na maioria das vezes, quando um teólogo centraliza o amor de Deus em contraste com outros atributos, a sua isenção é, contrariando as escrituras, lançar dúvida sobre a realidade ou intensidade da ira e do julgamento de Deus. Esse foi o caso de Ristchl e é o caso de alguns evangélicos modernos. Portanto, diante dessa abordagem do amor como o maior atributo de Deus, os teólogos do teísmo aberto erram apenas no sentido de desconsiderar outros atributos também essencialmente importantes para o entendimento da complexidade da essência de Deus. Esse ensinamento constitui-se uma heresia, visto que pela própria definição de atributo de Ryrie (1994, p. 1626), que “é uma propriedade intrínseca ao seu sujeito, pela qual ele pode ser distinguido ou identificado.”, Deus não pode ser visto apenas de uma única perspectiva, pois não revelaria o verdadeiro caráter de Deus, ou seja, Ele não poderia ser conhecido em sua plenitude. Os teólogos do teísmo aberto, ao defenderem que o amor se sobrepõe aos demais atributos de Deus, incorrem no erro de darem menos importância aos demais atributos de Deus, tornando-os menos significativos que o amor, como se Deus pudesse ser dividido em partes e apenas uma dessas partes fosse a mais importante. Berkhof (2007, p. 44) afirma o seguinte a esse respeito: Da simplicidade de Deus segue-se que Deus e seus atributos são um. Não devemos considerar os atributos como outras tantas partes que entram na composição de Deus, pois, ao contrário dos homens, Deus não é composto de diversas partes. Tampouco devemos considerá-los como alguma coisa acrescentada ao Ser de Deus, embora o nome, derivado de ad e tribuere, pareça apontar nessa direção, pois nenhum acréscimo jamais foi feito ao Ser de Deus, que é eternamente perfeito. Comumente se diz em teologia que os atributos de Deus são o próprio Deus, como ele se revelou a nós.[...] Na verdade, não há limitações do ser divino e de seus atributos, porque Deus é perfeito. Sem corpo, portanto, sem extensão espacial. Ele não está limitado pelo universo ou por esse mundo em relação a tempo e espaço. A infinitude dos atributos de Deus é relativa no imaginário humano, porém vai infinitamente além da capacidade de entendimento do homem e, portanto, só por Deus pode ser compreendida. Essa perspectiva dos teístas abertos é impossível de se conceber, porque Deus não pode manifestar mais um atributo do que outro, pois isto descaracterizaria sua natureza divina. Por exemplo, Deus não pode ser mais amor em detrimento da justiça ou vice-versa, pois sua perfeição só pode ser manifesta através de todos os seus atributos, visto que possuem a mesma relevância, já que são intrínsecos a Deus, ou seja, eles compõem o próprio Deus, portanto são imprescindíveis para que os homens possam compreendê-lo. Outro preceito do teísmo aberto que vem contrapor a doutrina cristã e, assim, prejudicar o desenvolvimento da igreja cristã pós-moderna de forma salutar é a afirmativa de que Deus se arrisca, pois esses teólogos acreditam que Deus se arriscou ao conferir o livre-arbítrio aos homens e aos anjos. Convém ressaltar que Deus ao conferir o livre-arbítrio aos homens e aos anjos não o conferiu de modo que permitisse a eles interferirem no seu plano genuíno. Assim, o plano original de Deus é imutável, não sofre interferência do livre-arbítrio conferido aos homens e aos anjos. Essa afirmação pode ser constatada quando Deus expressa nas Escrituras Sagradas em Apocalipse 13.8: “e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.” Diante do que foi exposto, pode-se refutar completamente a afirmação dos teístas abertos de que Deus se arrisca, visto que Deus não se arriscou ao dar o livre-arbítrio aos homens e aos anjos, pois Ele já sabia tudo o que ia acontecer, que satanás e o homem iriam cair, tanto é que Ele já determinou a morte do Cordeiro, Jesus Cristo, desde a fundação do mundo, portanto isso tudo só vem confirmar a onisciência de Deus. Além do mais, é relevante também afirmar que Deus não se arrisca, visto que a sua vontade quanto aos atos humanos é permissiva, pois Deus pela sua vontade permitiu o pecado pela certeza de que isso viria acontecer. Mesmo de acordo com a vontade preceptiva, Deus não se compraz no pecado. A soberania de Deus está expressa não somente na sua vontade divina, mas também na onipotência de Deus e também em seu poder de executar a sua vontade. Seu poder absoluto é capaz de fazer o que Ele não faz, mas tem possibilidade de ser feito, pois Deus poderia impedir que o fato acontecesse, no entanto, devido a sua vontade permissiva, não o faz. Do exposto, depreende-se que o mal não é a vontade de Deus, mas um ato permissivo da soberania de Deus. Sobre o assunto, Frame (2006, p. 55) afirma: Já vimos que Deus controla as decisões livres dos seres humanos, controlando particularmente o coração, que é o centro da existência humana. Porém, como Deus disse por intermédio do profeta Jeremias, o coração das pessoas decaídas é pecaminoso (Jr 17.9). As pessoas escolhem fazer o mal livremente, pois agem de acordo com os seus desejos verdadeiros – mas isso não quer dizer que elas não estão sob o controle de Deus. Portanto, as pessoas manifestam as suas ações de acordo com os desejos do seu coração, no entanto, tudo está sob o controle de Deus, visto que todas as coisas só acontecem com a permissão de Deus, embora não seja o seu propósito que aconteçam coisas ruins, mas estas ocorrem por causa do coração pecaminoso do homem. Assim, Deus pela sua vontade permissiva concedeu ao homem o direito de escolha, por exemplo, quando disse a Adão em Gênesis 2.17 que “da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerá; porque no dia que dela comeres, certamente morrerás.”; ao afirmar “no dia que dela comeres”, Deus deu a Adão o livre-arbítrio para comer ou não do fruto da árvore, no entanto, este livre-arbítrio concedido por Deus é permissivo, pois é decorrência da sua vontade soberana. Portanto, Deus não se arrisca, pois todo ato humano decorre exclusivamente da sua vontade suprema. Conclui-se, portanto, que esse aspecto doutrinário do teísmo aberto, que afirma que Deus se arrisca, é faccioso e, por conseguinte, abala o fundamento da igreja cristã, pois retiraria a confiança dos cristãos em um Deus soberano, que segundo o seu propósito permite que os homens manifestam a sua vontade livremente sem que esta se contraponha a soberania de Deus. Outro preceito do teísmo aberto que se contrapõe as bases doutrinárias do cristianismo é a afirmativa de que Deus não é tão soberano assim. Eles afirmam que Deus não pode realizar tudo que deseja e que depende das decisões humanas. Veja o que Berkhof (2007, p. 73) explana sobre o assunto: A soberania de Deus recebe forte ênfase na Escritura. Ele é apresentado como o Criador, e sua vontade como a causa de todas as coisas. Em virtude de sua obra criadora, o céu, a terra e tudo o que eles contêm lhe pertencem. Ele está revestido de autoridade absoluta sobre as hostes celestiais e sobre os moradores da terra. Ele sustenta todas as coisas com a sua onipotência, e determina os fins que elas estão destinadas a cumprir.[...] Esse pressuposto, portanto, constitui-se numa heresia, pois restringe a soberania de Deus, o que é impossível, visto que esse atributo é intrínseco a divindade de Deus, portanto dizer que Deus é soberano em alguns aspectos e em outros não é o mesmo que afirmar que Ele só é Deus no que discerne a algumas questões e outras não. A autonomia de Deus é um fato comprovado por sua auto-existência. A existência de Deus não foi precedida por uma causa, porque Ele subsiste em si mesmo. O termo asseidade substituído pelos teólogos por independência refere-se não somente ao seu ser, mas também a tudo. Além de auto-existente, Ele é a auto-existência de todas as coisas e tudo depende dele. A Bíblia a esse respeito em Atos 17.28 diz: “Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como algum dos vossos poetas tem dito: porque dele também somos gerados.” Sua independência e auto-existência dá-nos a certeza de que Ele é eterno e soberano sobre a sua criação. Além disso, o criador pela sua vontade é a causa de todas as coisas. Criou o céu e a Terra e tudo o que neles contém lhe pertence. Ele está revestido de autoridade absoluta sobre tudo o que Ele criou tanto nos céus como na Terra. Sustém todas as coisas pela sua onipotência e determina o cumprimento da sua vontade pela sua soberania. A vontade de Deus é a causa final de todas as coisas como lemos nas Escrituras em Efésios 1.11 que diz: “Nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade.” Pode-se verificar a soberania de Deus também em Colossenses 1.16-17 que afirma: Pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. Desse modo, a vontade humana também está submetida a soberania de Deus, pois tudo o que existe foi feito por Ele e para o cumprimento do seu propósito, portanto Deus não depende das decisões humanas, visto que o próprio homem foi criado em conformidade com a sua vontade. Assim, Deus pode realizar tudo o que deseja independentemente das ações humanas, pois sua soberania é decorrente justamente do fato de todas as coisas terem sido criadas por Ele e se submeterem a sua vontade. Dessa forma, fica comprovado que a soberania de Deus não pode ser diminuída em decorrência da vontade humana. Outro preceito do teísmo aberto que prejudica os ensinamentos doutrinários da igreja cristã pós-moderna é a assertiva que Deus comete erros, aprende e muda, pois se contrapõe ao atributo da imutabilidade de Deus. Berkhof (2007, p. 58) ressalta que: A imutabilidade de Deus é necessariamente concomitante com a sua asseidade. É a perfeição pela qual não há mudança nele, não somente em seu Ser, mas também em suas perfeições, em seus propósitos e em suas promessas. Em virtude desse atributo, ele é exaltado acima de tudo quanto há, e é imune de todo acréscimo ou diminuição e de todo desenvolvimento ou decadência em seu Ser e em suas perfeições. Seu conhecimento e seus planos, seus princípios morais e sua volições permanecem sempre os mesmos. Até a razão nos ensina que não é possível nenhuma mudança em Deus, visto que qualquer mudança é para melhor ou pior. Mas em Deus, perfeição absoluta, melhoramento e deterioração são igualmente impossíveis.[...] Logo, Deus em sua perfeição absoluta é um Ser que não pode mudar, não somente em sua essência, mas também em tudo aquilo que resulta de seus desígnios, portanto, devido a imutabilidade intrínseca de seu Ser, n’Ele não há variação. Há que se ter em conta, ainda, que Deus não pode cometer erros, pois com Ele está o poder tanto daquele que erra como o do que faz errar, como se pode constatar em Jó 12.16 que afirma: “Com ele está a força e a sabedoria; seu é o que erra e o que faz errar.” Deus também não pode aprender com seus erros, porque, além d’Ele possuir o controle de tudo, inclusive do que erra e do que faz errar, sua perfeição também abrange todo conhecimento existente, como se pode constatar na Bíblia em Jó 37.16 que diz: “Tu tens notícias do equilíbrio das nuvens e das maravilhas daquele que é perfeito em conhecimento?” Assim como o conhecimento humano também é proveniente de Deus de acordo com as Escrituras em Jó 38.36 que afirma: “Quem pôs a sabedoria no íntimo, ou quem à mente deu o entendimento?” Portanto, é impossível Deus aprender alguma coisa, pois nele já está todo o conhecimento e Ele é quem dá este ao homem. Embora as relações de Deus com o homem sejam multiformes e cercadas de mudanças, Ele não muda na sua essência, nos seus propósitos, nos seus motivos de ação e nem em suas promessas, como o exposto em Malaquias 3.6: “Porque Eu, o Senhor, não mudo.”. As mudanças de posicionamento de Deus só acontecem em conformidade com o seu propósito, ou seja, os estatutos e os desígnios de Deus para a humanidade já foram estabelecidos antes da fundação do mundo, portanto, Deus não muda seu plano original. A mudança que ocorre é a do homem, que pode arrepender-se e submeter-se aos propósitos de Deus. Frame (2006, p. 128) expõe o seguinte sobre o assunto: Por conseguinte, os teólogos têm dito muitas vezes que Deus não muda “em si mesmo”, mas muda “em seu relacionamento com as criaturas”. Quando Orlando, na Florida, sofre uma onda de calor, não é porque o sol ficou mais quente, mas porque Orlando se encontra numa relação diferente com ele. É o que diz Herman Bavinck: “Qualquer que seja a mudança, ela se encontra integralmente na criatura”. Quando Deus “muda" sua atitude da ira para o favor, é porque a criatura se moveu da esfera de Satanás para a esfera de Cristo. Quando o homem muda da esfera de Satanás para a esfera de Cristo, Deus perdoa o homem, mas isso, no entanto, não significa que Deus mudou, pois o seu propósito original é justamente de salvar o homem, então quando o homem se arrepende de seus maus caminhos volta para o projeto original de Deus. Da mesma forma sucede quando o homem rebela-se contra Deus, que no seu plano inicial já havia determinado para os rebeldes a morte eterna, então Deus não muda de posicionamento, o homem é que muda e se encaixa num dos planos de Deus, seja de morte ou de salvação, que já haviam sido pré-determinados. Pode-se constatar a imutabilidade de Deus em II Timóteo 2.13 que afirma: “Se somos infiéis, Ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo.” O exposto acima é bastante evidente em inúmeros momentos da narrativa bíblica como, por exemplo, em II Crônicas 7.14 que diz: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.” Essa passagem não implica na mudança de Deus, pois Ele é imutável, mas numa mudança de posicionamento do seu povo que passa a cumprir os seus estatutos e, assim, a gozar dos benefícios daqueles que vivem de acordo com a vontade de Deus. Esses ensinamentos do teísmo aberto expostos acima minam o fundamento da igreja cristã pós-moderna, porque desvirtuam a crença nos atributos de Deus que revelam sua magnitude, levando o homem a acreditar em um Deus que não tem todos os poderes que afirma ter na Bíblia; induzindo, assim, os cristãos ao erro de deixarem de colocar sua confiança totalmente em Deus, pois leva a crer que o homem constrói o futuro juntamente com Deus, e isso não é verdade, pois os planos originários de Deus, como o da salvação, que já existia antes da fundação do mundo, mostram que Deus é pleno na sua onisciência e na sua onipotência. A confissão positiva, outra corrente doutrinária mencionada anteriormente no presente trabalho, e que está sendo retomada no presente capítulo, também destrói o fundamento da igreja cristã pós-moderna, pois seus preceitos também se constituem em desvios doutrinários à luz das escrituras. Uma das premissas da confissão positiva que deve ser refutada, pois discorda das verdades bíblicas, é a de que se o cristão não for próspero financeiramente e não tiver saúde é porque ele não tem fé ou vive no pecado. Essa afirmação cria uma concepção totalmente errônea do evangelho, já que propaga a idéia de que o homem terá a satisfação plena de seus anseios aqui na terra. Nessa perspectiva, percebe-se que a teoria da confissão positiva é errônea, pois Jesus Cristo, o filho de Deus, que desceu do céu, não manifestou essa prosperidade na Terra para servir de exemplo para seus seguidores. Ele afirma de si mesmo em Mateus 8.20 que: “Mas Jesus respondeu: As raposas têm seus covis e as aves do céu, ninhos; mas o filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.” Jesus quando esteve na terra, o fez na condição de servo, ou seja, submeteu-se à vontade de Deus, pois nem em suas orações e nem em seu ministério em nenhum momento usurpou ser igual a Deus. Veja o que Romeiro (2007, p. 61) expõe sobre o assunto: Qualquer pessoa que examinar com cuidado os evangelhos perceberá que a tônica da vida e do ministério do Senhor Jesus era fazer a vontade do Pai. Examine, por exemplo, João 4:34; 5:30; 6:38; 7:17. Quando ensinou os seus discípulos a orar, Jesus inclui na oração: “Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu”. Será que Jesus estava errado? A conclusão óbvia é que não. Não tenho qualquer problema em orar “se for da tua vontade”, pois isto me coloca em boa companhia. Jesus orou no Getsêmani: “Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, e, sim, o que tu queres” (Mc 14:36). E novamente: “Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade” (Mt 26:42). João escreveu ainda: “Se pedirmos alguma cousa segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1Jo 5:14). É possível inferir dos ensinos de Cristo que o homem deve submeter seus pedidos a vontade de Deus, demonstrando, desse modo, que os ensinamentos da confissão positiva que dizem que não se deve orar “se for da vontade de Deus” contrária totalmente os ensinamentos bíblicos, pois, segundo eles, essa forma de orar indicaria falta de fé. Acreditar nessa doutrina da confissão positiva, seria o mesmo que acreditar que o próprio filho de Deus não teria tido fé suficiente para manifestar a prosperidade aqui na Terra. Essa maneira de pensar constitui-se numa heresia, pois Jesus não foi rico materialmente, no entanto, manifestou poderosamente a sua fé, visto que em seu ministério operou inúmeras curas, libertações, milagres e ainda ressuscitou mortos. Convém ainda ressaltar que, o próprio Jesus afirmou em Mateus 26.11 que: “Os pobres sempre tende convosco, mas a mim nem sempre me tendes.” Vê-se, assim, que Jesus deixou bem claro que a pobreza existira, portanto não há algo errado em ser pobre como querem os teólogos da confissão positiva fazerem as pessoas crer. Além do mais, o próprio Jesus não tinha consigo dinheiro algum quando entrou com Pedro na cidade de Cafarnaum e precisou pagar o imposto, como está expresso em Mateus 17.27: “Mas, para que não os escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, e o primeiro peixe que fisgar, tira-o; e abrindo-lhe a boca, acharás um estáter. Toma-o, e entrega-lhes por mim e por ti.” Com o exemplo desse milagre da moeda retirada da boca de um peixe, pode-se perceber que Jesus poderia ser materialmente rico, porque Ele mostrou que possuía poder para executar qualquer milagre, inclusive financeiro; no entanto, em seu ministério sempre deixou claro que os cristãos não deveriam colocar seu coração nas riquezas materiais e, sim, buscar primeiro o reino de Deus e a sua justiça, como está exposto em Mateus 6.33: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas cousas vos serão acrescentadas.” Há ainda que se falar que Pedro, apóstolo de Jesus, ao encontrar um mendigo na entrada do templo em Jerusalém não tinha uma esmola para dar-lhe, mas deu-lhe um tesouro muito maior como está expresso nas escrituras em Atos 3.6 que diz: “Pedro, porém, lhe disse: Não possuo nem prata nem ouro, mas o que eu tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” Romeiro (2007, p. 70) expõe o seguinte: Outro incidente de extrema importância para nossa análise encontra-se no livro de Atos. Quando Pedro e João chegaram à porta do templo, chamada Formosa, um coxo pediu-lhes uma esmola. Pedro disse ao paralítico: “Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” (At 3:1-8), e o homem foi curado. Naturalmente, Pedro e João não estavam debaixo de qualquer maldição, em pecado ou sem fé só porque não tinham nem prata nem ouro. Eles tinham algo melhor, a graça e o poder de Deus. Portanto, Pedro não possuía riqueza material, pois nem sequer uma esmola tinha para dar ao mendigo, no entanto, manifestou o poder da fé em Jesus Cristo ao dar-lhe um tesouro muito maior do que dinheiro que foi a sua cura. Em nenhum momento do ministério desses grandes homens de Deus, que viveram para disseminar o evangelho na Terra, vê-se apologia a busca de bens materiais, muito pelo contrário, o que se viu na igreja primitiva foi a pregação de um evangelho que libertava o homem do seu egoísmo e ganância, como vê-se em Atos 2.44-45: “Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade.” Jesus mesmo exortou que o homem buscasse um tesouro eterno nos céus e que aqui na Terra vendesse os seus bens e repartisse o dinheiro com os pobres, como se pode constatar em Lucas 12.33 quando Jesus disse: “Vendei os vossos bens e daí esmola; fazei para vós outros bolsas que não desgastem, tesouro inextinguível nos céus, onde não chega o ladrão, nem a traça consome(...)”. Ao longo da Bíblia, portanto, constata-se a existência de vários homens tementes a Deus que viviam segundo os seus ensinamentos e que não vivenciaram a saúde física do seu corpo ou a abundância financeira, tais como: Jó, Paulo, Pedro, Timóteo, Elias, Eliseu, o próprio Jesus Cristo, alguns já mencionados acima, dentre muitos outros. Essa crença da confissão positiva contrária totalmente o que as Escrituras versam sobre o assunto, pois nas escrituras vemos o exemplo de Jó, que perdeu tudo o que possuía, inclusive seus filhos, e, ainda, padeceu com uma enfermidade terrível, mas foi reputado como servo justo e fiel na presença de Deus como verifica-se em Jó 1.8 que diz: “Perguntou ainda o Senhor a Satanás: Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal.” Veja o que Romeiro (2007, p. 53) explana sobre o assunto: O próprio Deus dá testemunho da integridade de Jó, de sua sinceridade e seu temor ao Senhor. Foi em meio às grandes provações que Jô deu profundas lições de fé, como está registrado em 13:15: “Ainda que ele me mate, nele esperarei” (Almeida Revista e Corrigida). Há muitas pessoas dispostas a crer em Deus em troca de um belo carro, mansão e outros bens materiais. Poucas estão dispostas a crer nele em meio às adversidades. Pelo exposto, vê-se que não foi falta de fé de Jó ou pecado por ele cometido que o fez passar por tanta adversidade. Na verdade, Jó era homem integro e temente a Deus, mas Deus permitiu que Satanás tocasse nos bens e na família de Jô, no entanto, restringiu a ação de Satanás impedindo que tocasse em sua vida. Isso mostra perfeitamente que o que aconteceu a Jó foi permissão de Deus, pois se Ele restringiu a ação de Satanás poderia também ter impedido todas as demais ações dele, entretanto, não o fez. Há que se falar, ainda, no exemplo de Paulo, que vivenciou tanto a abundância como a escassez material, como a Biblia comprova em Filipenses 4.12-13: “Tanto sei estar humilhado, como ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância, como de escassez. Tudo posso naquele que me fortalece.” E não houve na Bíblia exemplo como o de Paulo que, após Jesus Cristo, foi o maior divulgador do evangelho, no entanto, Paulo vivenciou várias adversidades ao longo de seu ministério, porém jamais demonstrou falta de fé ou muito menos vivia em pecado, pois separou-se a si mesmo por amor a causa de Cristo. Além do mais, Paulo padecia de uma enfermidade terrível que o acompanhou ao longo da vida e que Deus não o libertou dela como comprova-se em II Coríntios 12.8-9: “Por causa disso três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza.” Romeiro (2007, p. 53) a esse respeito expõe: O apóstolo Paulo escreveu a Timóteo, aconselhando-o a tomar um pouco de vinho devido às freqüentes enfermidades de seu estômago (1Tm 5.23). Em outra carta, Paulo diz ter deixado Trófimo doente em Mileto (2Tm 4:20). Ele fala ainda de um problema pessoal acerca do qual orou a Deus três vezes para que o livrasse dele, e a resposta do Senhor foi: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza”(2Co 12:7-10). Diante do exposto acima, observando-se, o ministério de Paulo, vê-se que ele manifestou inúmeros milagres, inclusive os seus lenços curavam os enfermos. Será que Paulo só não tinha fé para curar-se a si mesmo? Será que ele não desejava ver Timóteo ou Trófimo curados? É óbvio que não, pois Paulo tinha fé perfeita em Jesus Cristo, mas submeteu-se em todos os momentos a vontade de Deus, pois ele sabia que sua vontade era perfeita como afirmam as Escrituras em Romanos 12.2 que diz: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Assim, o que se percebe ao longo das escrituras é que os preceitos de Deus não se baseiam em abundância de víveres ou em saúde inabalável, como acreditam os teólogos da confissão positiva, mas na fé que se submete a determinação do plano de Deus para a humanidade. Na atualidade, esses preceitos da prosperidade e cura pregados pela confissão positiva têm se propagado facilmente nas igrejas cristãs pós-modernas devido a ansiedade do homem em conquistar as riquezas materiais e saúde perfeita do corpo para desfrutar delas renegando, assim, a segundo plano a busca pela salvação de sua alma. A propagação desse tipo de evangelho pregado na atualidade pode ser combatida pelas Escrituras Sagradas em conformidade com o texto de Mateus 6.19 que diz: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam nem roubam; porque onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” Veja que as Escrituras recriminam a atitude de se colocar no coração a busca pelas riquezas, porque essas coisas são transitórias, ou seja, passageiras; portanto, deve-se buscar a única coisa que é eterna que a salvação. Desse modo, não se deve andar ansioso pelas coisas materiais como disse Jesus na Bíblia em Mateus 7.25: “Por isso vos digo: Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que as vestes?” Nessa passagem, Jesus está instruindo os cristãos a colocarem sua confiança em Deus e não nas coisas que se pode conquistar ao longo da vida, pois o homem só pode dar conta das preocupações que surgem a cada dia. Isso pode ser confirmado através da passagem bíblica de Mateus 7.34 que diz: “Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia seu próprio mal.” Outro pressuposto da confissão positiva discordante das Escrituras é o fato de seus teólogos afirmarem que receberam uma revelação divina dos ensinamentos que propagam. Pode-se contestar essa afirmação com base em Gálatas 1.8 que diz: “Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema.” Nessa perspectiva, qualquer pregação que seja discordante do evangelho de Jesus Cristo, mesmo que seja recebida por um anjo vindo do céu, seja considerada maldita, portanto, os preceitos pregados pela confissão positiva devem ser rejeitados por discordarem do evangelho de Cristo e, ainda, de acordo com as Escrituras Sagradas, seja considerado maldito. Além do mais, as profecias encerraram-se em João como está exposto em Mateus 11.13: “Porque todos os profetas e a Lei profetizaram até João.” e que pode ser confirmado em Lucas 16.16a que diz: “A Lei e os Profetas vigoraram até João”. Portanto, qualquer revelação que não esteja contida na Bíblia não tem procedência divina, pois todo pregador deve profetizar tendo como base o que já foi revelado por Deus nas Escrituras Sagradas por meio do Espírito Santo. É necessário também contestar a “fórmula da fé” que a confissão positiva tem propagado, que afirma que para se conseguir qualquer coisa faz-se necessário seguir quatro passos: dizer a coisa; fazer a coisa; receber a coisa e contar a coisa. O grande erro dessa fórmula da fé é que ensina os cristãos a crerem que tudo que eles quiserem obter só depende deles, ou seja, faz eles acreditarem que, independentemente de Deus, tudo o que quiserem receberão, pois para conseguirem tudo o que desejam só precisam praticarem esses quatro passos. Essa independência deles de Deus é tão visível que eles orientam os cristãos a não orarem segundo a vontade de Deus, pois confiar os pedidos a vontade de Deus para eles significa ausência de fé. Esse tipo de prática de fé é infundada, porque a fé não é um dom que o homem possa exercer independe de Deus, pois ela é uma dádiva da graça de Deus como está expresso em Efésios 2.8 que diz: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isso não vem de vós, é dom de Deus.” Assim, esse tipo de crença é totalmente discrepante dos ensinamentos de Jesus, que ensina os cristãos a confiarem em Deus e a dependerem inteiramente de sua vontade, visto que a fé é dada por Deus. Outro preceito totalmente errôneo professado pela confissão positiva é a afirmação de que o homem é a encarnação de Deus assim como Jesus o foi. Eles afirmam que o homem não tem Deus dentro de si, mas que o homem é a própria encarnação de Deus. Esse ensinamento contrária a doutrina bíblica que versa que o homem foi criado a imagem e semelhança de Deus como vê-se em Gênesis 1.26a que diz: “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança;”. Primeiramente, não se pode considerar o homem a encarnação de Deus, pois a bíblia não afirma isso, as escrituras afirmam que o homem foi criado a imagem e semelhança de Deus, ser semelhante não quer dizer igual, mas parecido. A prova de que o homem não pode ser encarnação de Deus é que ele pecou e perdeu até a característica de ser semelhante a Deus após a queda de Adão e com a prática do pecado tornou-se iníquo como está expresso em Salmo 51.5 que diz: “Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe.” Pelo exposto, vê-se que o homem não pode ser considerado encarnação de Deus, pois ele foi concebido em pecado, continua pecando e, por conseguinte, está destituído da glória de Deus como Paulo explana em Romanos 3.23 que diz: “Pois todos pecarem e carecem da glória de Deus.” Como seres destituídos da glória de Deus podem ser considerados a encarnação do próprio Deus? Diante de tudo que foi exposto acima, conclui-se que esse evangelho disseminado pela confissão positiva de que todo cristão tem que ser próspero e gozar de saúde perfeita, bem como de que os cristãos são a encarnação de Deus, destrói os fundamentos da igreja cristã pós-moderna, pois suas crenças enfatizam o ter ao invés do ser. Esse ensinamento abala a confiança dos cristãos em Deus, visto que os leva a crer que são capazes de conquistar o que quiserem independente de Deus, ou seja, incute neles a confiança de que podem conseguir algo por suas próprias forças, abalando, assim, a confiança do homem de depender inteiramente de Deus. Além do que, destrói a fé perfeita de se servir a Deus independente das circunstâncias ou do que Ele possa oferecer. O evangelho da auto-ajuda é outra doutrina discordante dos ensinamentos bíblicos que foi abordada no presente trabalho e que será retomada agora, no presente capítulo. Esse tipo de doutrina mina o alicerce da igreja cristã pós-moderna, pois seus ensinos são fundamentados na psicologia, arruinando, assim, a fé dos cristãos no que concerne a suficiência da Bíblia. Na atualidade, esse evangelho da auto-ajuda tem se propagado com muita facilidade nas igrejas cristãs, pois a maioria dos evangélicos aceita a psicologia como ciência e, portanto, a consideram capaz de auxiliar o homem cristão quanto as suas necessidades emocionais, mentais e comportamentais que não podem, segundo eles, serem resolvidas somente a luz da Palavra de Deus. O grande problema desse tipo de evangelho permeado de princípios da auto-ajuda é que introduz na igreja cristã a idéia de que o homem tem que ter amor-próprio, auto-estima, autovalorização, auto-imagem e auto-realização, ou seja, leva o cristão a centralizar-se na sua própria pessoa e nos seus interesses, tornando-o um ser individualista, pois há uma valorização do “ego” da pessoa, o que contrária os ensinos bíblicos que postulam que o homem deve colocar em Deus a sua confiança e não em si mesmo como verifica-se em Provérbios 3.5 que diz: “Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento.” Esse tipo de ensino, que se centraliza na pessoa humana, destrói o fundamento da igreja cristã pós-moderna, pois exclui Deus do centro da vida humana, levando, desse modo, o homem a crer que pode resolver todos os seus problemas sozinho, retirando, assim, a dependência humana de Deus e o anseio de buscá-lo. Essa facciosa crença na auto-suficiência humana constitui-se em um problema sério para os que seguem essa doutrina, pois levará essas pessoas a desesperança quando não conseguirem resolver seus problemas, visto que para elas as soluções encontram-se em si mesmas. McMahon, no artigo A Psicologia Predita na Profecia, publicado na revista Chamada da Meia-noite, nº 6, Ano 38, afirma que: Se as soluções não se encontrarem dentro do ego, o homem sem Deus não tem mais a quem recorrer, e, conseqüentemente, não há esperança para a humanidade. Mas, hoje, em dia, os psicoterapeutas nos garantem que a cura para os males da humanidade de fato se encontra no íntimo do ser humano.[...] Logo, esse ensinamento da psicologia contraria o principal pilar do cristianismo que é a confiança em Deus, pois constitui-se numa heresia de proporções imprevisíveis para a igreja, visto que leva a humanidade ao desespero e, até mesmo, a descrença, quando não conseguir alcançar seus objetivos por si mesma. A psicologia, nessa perspectiva, não resolve os problemas sociais do homem, pois não encerra em si mesma as respostas para os seus conflitos interiores, visto que ela pode até ensinar o homem a lidar com seus conflitos, no entanto, não se constitui na resposta definitiva dos problemas da humanidade que se encontra em permanente duelo interior entre os anseios da sua carne e suas limitações. Portanto, depreende-se que a busca do cristão por esses conceitos é infrutífera, já que os dilemas da alma humana não podem ser resolvidos cientificamente por serem resultados dos estados da consciência humana. Além do mais, esse tipo de crença na auto-suficiência humana é totalmente refutada pela Bíblia em Jeremias 17.5: “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do Senhor!” Portanto, quando o homem busca em si mesmo a solução de todos os problemas, sejam mentais, emocionais ou comportamentais, com certeza acabará se frustrando, pois não possui em si a capacidade de resolver problemas de tal complexidade que só podem ser resolvidos por Deus. Há ainda que se ressaltar, que ao buscarem auxílio nos conceitos da psicologia, os disseminadores do evangelho da auto-ajuda incorrem no erro de levarem os cristãos a crerem noutra fonte de fundamento doutrinário que não seja a Bíblia, o que contrária a crença cristã fundamental de que ela é autorizada, inerrante e suficiente para servir de parâmetro para o desenvolvimento de uma vida cristã saudável. McMahon (2007, p. 16-17) expõe que: A psicoterapia vendeu para a Igreja a mentira de que a psicologia pode ser utilizada numa integração com a Bíblia. Isso devia ser uma vergonha para qualquer crente prevenido. Uma vez que a psicologia e a Bíblia são fundamentalmente antagônicas, deveria ser óbvio que não pode haver uma integração legítima entre os ensinamentos de ambas. Além disso, se a Bíblia, que é o “Manual do Fabricante”, não é suficiente para tratar de “todas as coisas que conduzem à vida e à piedade”, os seres criados por Deus devem buscar o bem estar mental, físico e comportamental em outra fonte. Mas, se o precisam buscar em outra fonte, então a alegação de que a Bíblia é autorizada, inerrante e suficiente também é falsa. Assim, não se admite que os cristãos busquem em outra fonte, que não seja a Bíblia, os fundamentos para seu pleno desenvolvimento mental, físico e comportamental, visto que ela é considerada a instrução do Criador para suas criaturas, como se vê em 2Timóteo 3.16 “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, afim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” Além do mais, o homem não pode basear-se na psicologia como fonte para resolução de seus problemas, visto que ela contraria a doutrina bíblica. Há que se falar, ainda, que o ensino da psicologia, que centraliza o ego humano, o faz baseando-se no princípio de que o homem é bom, constituindo-se, assim, noutro preceito que contraria os pressupostos bíblicos que afirmam justamente o contrário. Observe o que McMahon (2007, p.14) afirma sobre o assunto: A substituição de Deus pelo ego humano leva ao dogma central da religião da psicologia, a saber: o ser humano é inerentemente bom. Se a bondade inata não residir no cerne mais profundo da natureza humana, segue-se que a psicoterapia é uma prática inútil. Eis a razão: se o ser humano possui uma natureza pecaminosa, como a Bíblia demonstra, é impossível que consiga mudar por si mesmo. Em outras palavras, se sou inerentemente mau, eu sempre serei mau, visto que não há nada dentro de mim que me capacite a mudar. Contudo, se sou inerentemente bom, mas enfrento problemas em meu viver, ao fazer uso de vários métodos ou técnicas psicológicas, eu deveria ser capaz de extrair, utilizar ou perceber essa bondade inata para, dessa forma, curar ou solucionar os problemas que me afligem. Todos os “egocentrismos” psicoterapêuticos, a partir do amor-próprio para a auto-estima, à auto-imagem, à autoconcretização, à auto-realização – até chegar à autodivinização – são atribuídos com base na bondade intrínseca da natureza da pessoa. Pelo exposto, conclui-se que, para que a idéia da psicologia de que o homem pode mudar por si mesmo seja válida, faz-se necessário acreditar que a natureza humana é boa para que suas práticas o capacitem a mudar. No entanto, a Bíblia afirma em Gênesis 6.5: “Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração.”, desse modo, de acordo com a perspectiva divina, a natureza humana é continuamente má, portanto, o homem não tem capacidade de mudar a si mesmo, ou seja, de encontrar soluções no seu interior para as adversidades da existência humana, assim, é necessário o homem buscar em Deus a transformação de que ele necessita, visto que Deus é o único que é bom e perfeito. Outro erro cometido pelos teólogos da auto-ajuda é não pregarem a inteireza da mensagem bíblica, utilizando apenas os textos bíblicos que consideram adequados as suas pregações exclusivamente motivacionais, contrariando a Palavra de Deus que diz em Atos 20.27: “Porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus." Logo, a pregação incompleta do evangelho vai minar o fundamento da igreja cristã pós-moderna, pois os seus seguidores não terão domínio da inteireza da mensagem bíblica tornando-se influenciáveis por qualquer doutrina que não seja condizente com a Escritura como se pode constatar em Efésios 4.14 que diz: “Para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para o outro, e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha de homens, pela astúcia com que induzem ao erro.” Dessa forma, constata-se que a Bíblia deve ser pregada na sua inteireza para que os cristãos não venham a ser influenciados por doutrinas errôneas por desconhecimento da Palavra de Deus. Diante de tudo que foi exposto acima, conclui-se que o evangelho da auto-ajuda desenvolve na igreja um princípio danoso cujo resultado leva os cristãos a distanciarem-se dos ensinamentos de Cristo, portanto tornando vão toda a apologética desenvolvida desde o início do Cristianismo para defender a fé professada por Cristo e seus apóstolos. Portanto, o que se percebe é que a aceitação dessas doutrinas falaciosas na Igreja Cristã Pós-moderna demonstra um período de grave declínio espiritual, pois a medida que os cristãos têm pouco conhecimento a respeito de Deus aceitam doutrinas errôneas por desconhecerem a verdade. Assim, o Cristianismo que é pregado na atualidade é desprovido de profundidade bíblica, sendo mais nocivo do que o de qualquer outra época histórica.

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